Com o objetivo de pressionar por uma resposta do Governo Federal, servidores da Funai realizam na tarde desta terça, 14, uma manifestação dentro de uma greve de um dia. Eles exigem reforço nas buscas pelo colega Bruno Pereira e pelo jornalista inglês Dom Phillips e uma retratação formal do presidente da instituição, que acusou os desaparecidos de estarem em áreas não autorizadas.
O grupo também questiona a falta de forças de segurança especializadas e de apoio aos servidores em atuação na região onde a dupla sumiu em 5 de junho. Em meio à reclamação deles, embate internacional e cobrança da sociedade por seriedade na condução do caso, a embaixada brasileira no Reino Unido reconheceu hoje que comunicou erroneamente o cunhado e a esposa do estrangeiro de que teriam encontrado os corpos amarrados em uma árvore.
A informação publicada pelo diário inglês The Guardian é de que o embaixador Fred Arruda escreveu aos familiares do britânico para se retratar. Segundo ele, os diplomatas foram enganados pelo que definiu como “oficiais investigadores” e pediu “desculpa de todo coração”. “Lamentamos profundamente que a embaixada tenha passado à família ontem informações que não se mostraram corretas”, afirmou se justificando pela “precipitação por parte da equipe multi-agências”.
Os familiares tomaram conhecimento da falsa notícia por meio da ligação de um representante da embaixada ontem, segunda (13). Desde a divulgação do fato, a Polícia Federal e a associação indígena Univaja, que auxilia nas buscas, negaram a informação.
Emboscada?
Bruno Pereira e Dom Phillips viajavam juntos de São Rafael para Atalaia do Norte, no Amazonas. Eles costumavam fazer expedições juntos e o jornalista estaria escrevendo um livro sobre o meio ambiente. A região do Vale do Javari é reconhecida como a maior concentração de povos indígenas isolados do mundo e sofre com a influência do narcotráfico, de acordo com o presidente da Funai, Marcelo Xavier.
Em entrevista ao Roda Viva ontem, segunda (13), o ex-presidente da Funai, Sydney Possuelo, afirmou que a dupla teria sido vítima de uma emboscada e que o governo está “protegendo os bandidos”. Na opinião dele, os culpados seriam invasores de terras indígenas.
Até o momento foram encontrados apenas alguns documentos do brasileiro e algumas peças de roupa do inglês. Os itens foram encontrados próximo à casa do único suspeito no desaparecimento que foi preso, um homem chamado Amarildo Costa, conhecido como Pelado. O advogado dele acusa a Polícia de torturar o cliente.
A esposa de Bruno, Beatriz Matos, teria se mostrado indignada e pedido respostas das autoridades para o caso. O relato foi feito pela deputada Vivi Reis, que participou com a mulher do indigenista de uma audiência na Câmara dos Deputados fechada à imprensa nesta terça (14).