Análise: Brasil é atropelado do início ao fim e assusta o torcedor a quase um
ano da Copa do Mundo
A seleção tem uma noite para esquecer em Buenos Aires e não consegue ser sequer
competitiva diante do maior rival. Dorival tem pressão que vai além dos
resultados e trabalho está em xeque.
Um jogo onde tudo deu errado desde o primeiro minuto.
A análise é do próprio Dorival Júnior e provavelmente foi o maior acerto do
treinador na noite. O Brasil teve uma atuação constrangedora na noite de
terça-feira no Monumental de Nuñez, sai no lucro pelos 4 a 1 e entra em recesso
de três meses até a próxima Data Fifa em clima de melancolia e fim de ciclo.
1 de 3 Dorival Júnior em Argentina x Brasil — Foto: Reuters
Dorival Júnior em Argentina x Brasil — Foto: Reuters
Em momento algum, a Seleção sequer esboçou incomodar os argentinos, e muito por
conta de um cenário óbvio: a superioridade numérica no setor de meio de campo.
Os brasileiros eram presas fáceis pelo corredor central do campo quando tinham a
bola e ficaram na roda por praticamente todo o jogo na fase defensiva.
Dorival Júnior voltou a apostar em dois volantes na composição do meio de campo,
enquanto Raphinha e Matheus Cunha circulavam pelo setor, mas sempre com a
habitual pré-disposição ofensiva. Enzo, Paredes, De Paul e Mac Allister
sustentavam a posse de bola com tranquilidade e abriam espaços para Almada
flutuar e criar. Um passeio.
Argentina x Brasil
Posse de bola: 56% x 44%
Finalizações: 12 x 3
Finalizações no gol: 7 x 1
Passes trocados: 527 x 425
Faltas cometidas: 12 x 19
Já desde o primeiro minuto, como disse Dorival, era perceptível. Ou melhor, os
primeiros 2min05seg, tempo que o Brasil precisou até dar um toque na bola em
desarme de Murillo. A Argentina, por sua vez, logo recuperou de volta e Julian
Alvarez abriu o placar antes dos quatro minutos.
Argentina 4 x 1 Brasil | Melhores momentos | 14ª rodada | Eliminatórias da Copa
2026
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2026
A esta altura, Raphinha já tinha cometido duas faltas numa representação de um
Brasil que entrou em campo pilhado e não conseguiu transformar isso em
competitividade. A marcação mais parecia uma sombra, e os argentinos tinha
espaços por dentro e no corredor, como no lance do segundo gol, marcado por Enzo
Fernandez.
Um dos raros a merecer elogios entre os brasileiros, Matheus Cunha foi
recompensado pela dedicação ao desarmar Cuti Romero e fazer o gol em lance
fortuito aos 26. Nada, porém, que incomodasse uma Argentina à vontade com a
benevolência da marcação passiva dos brasileiros, correndo muito para trás e
oferecendo campo.
2 de 3 Vinicius Junior em Argentina x Brasil — Foto: REUTERS/Rodrigo Valle
Vinicius Junior em Argentina x Brasil — Foto: REUTERS/Rodrigo Valle
O terceiro gol, marcado por Mac Allister diz muito disso. Enzo Fernandez tem
tempo para dominar, indicar o espaço, e o meia do Liverpool passou
tranquilamente por três adversários até desviar na frente de Bento. Retrato da
fragilidade na proteção da área.
Dorival trocou três peças na volta do intervalo: Murillo, Joelinton e Rodrygo
por Léo Ortiz, João Gomes e Endrick. Surtiu pouquíssimo efeito. O Brasil até
esboçou presença no campo ofensivo, mas logo voltou a ser dominado quando
Scaloni trocou peças e renovou o fôlego do time.
Roger Flores pede mudanças na Seleção Brasileira: “Dorival não funcionou”
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Uma dessas peças foi responsável pelo quarto gol em mais uma jogada de apatia
defensiva do Brasil. Tagliafico cruzou nas costas de Mac Allister, a bola cruzou
toda área brasileira, e Giuliano Simeone foi mais esperto que Arana para chegar
chutando: 4 a 1.
O Brasil pilhado do primeiro tempo não escondia o abatimento. Dibu Martinez
chegou a fazer embaixadinhas sem ser importunado, e a reta final foi para
minimizar um dano que já era grande.
3 de 3 Jornais argentinos sobre vitória da Argentina diante do Brasil — Foto:
Reprodução
Jornais argentinos sobre vitória da Argentina diante do Brasil — Foto:
Reprodução
Com erros consecutivos na saída de bola, o Brasil oferecia chances, Bento fez
defesas que evitaram uma goleada maior e o “Olé” presente desde os sete minutos
ditou o fim do jogo.
Como se não bastasse o atropelo, a Seleção ainda presenciou show pirotécnico e
festa com as taças conquistadas pela Argentina exibidas no telão. Tudo de
errado: do primeiro ao último minuto, mais acréscimos.