Comentaristas analisam crise do São Paulo no Brasileirão: “É um time que remói
muito a derrota”
Caio Ribeiro, Rodrigo Coutinho e Carlos Eduardo Mansur explicam os principais
pontos que contribuíram para a sequência do Tricolor de sete derrotas em oito
jogos
Um dia no CT do São Paulo: garotos da base, Calleri, Toloi e mais
Um dia no CT do São Paulo: garotos da base, Calleri, Toloi e mais
Eliminado nas quartas de final da Conmebol Libertadores e em péssima fase no
Campeonato Brasileiro, o São Paulo
enfrenta na reta final
de 2025 uma crise técnica que pode atrapalhar até os objetivos do time para o
próximo ano.
As derrotas para LDU e Palmeiras, ambas no Morumbi, pesaram para o time, que
parece cada vez mais com dificuldade de se reerguer para terminar bem a
temporada.
Atualmente, a sequência tricolor é de sete derrotas nos últimos oito jogos,
período que inclui os dois contra a LDU. No Brasileirão, o time de Hernán Crespo
caiu para a 9ª posição e hoje está oito pontos atrás do Botafogo, que abre a
zona de classificação para a Libertadores de 2026. Ainda que distante na
classificação, os são-paulinos têm sete pontos de vantagem da zona de
rebaixamento.
Por esta razão, o ge procurou comentaristas do Grupo Globo para entender quais
os principais motivos que levaram a uma queda tão grande de rendimento do São
Paulo.
QUESTÃO ANÍMICA
O Tricolor sentiu muito a eliminação para a LDU, nas quartas de final da
Conmebol Libertadores, principalmente pelo fato de o adversário não ser
tecnicamente uma das equipes mais fortes do continente.
O São Paulo não chega
às semifinais da principal competição continental desde 2016, e o elenco acabou
carregando para si esse peso.
É verdade que na partida de ida, em Quito, a equipe não teve uma atuação ruim,
mas erros individuais e a falta de eficácia distanciaram o time de um resultado
melhor.
– Se sabia que o São Paulo
poderia eliminar a LDU
por ser um time superior tecnicamente, mas o time acabou não rendendo o ideal no
jogo de volta. E aí soma a decepção do jogo de ida, ter criado oportunidades
para pelo menos empatar a partida e não conseguiu. O jogo de volta foi um balde
de água fria – avaliou Rodrigo Coutinho.
– (A eliminação) Pesou demais, então acho que tem uma influência…
Caio Ribeiro foi ainda mais categórico ao apontar a necessidade de uma
recuperação emocional mais rápida porque a perda de foco pode custar mais caro.
> “O São Paulo
é um
time que remói muito a derrota” – Caio Ribeiro.
– Você vê que os jogos seguintes, seja depois do jogo do Palmeiras ou depois do
jogo da Libertadores contra a LDU, o São Paulo
demora um pouquinho
para dar a resposta, ele acusa muito o golpe. Esse lado anímico tem uma
interferência muito grande quando vem de uma grande decepção, de uma derrota
inesperada – comentou.
AUSÊNCIAS POR LESÃO E PLANEJAMENTO
Mesmo após a eliminação para a LDU, o São Paulo
teve momentos de bom
futebol em campo, que acabaram não se traduzindo em vitórias. O jogo contra o
Palmeiras é um exemplo, com 70 minutos de um bom futebol antes de um novo balde
de água fria com a virada do rival.
Além de controlar a moral da equipe e sua organização tática, Crespo tem lidado
com um departamento médico cheio e surpresas desagradáveis todas as semanas.
– Acho que o maior peso é a quantidade de ausências e o peso delas. O resultado
é que em muitos jogos entrou em campo um time com limitações – explicou Carlos
Eduardo Mansur.
– Então você perdeu alguns dos jogadores mais importantes da equipe por lesões –
que não são culpa de ninguém – realmente acontece. E…
Isso tem afetado diretamente o treinador não apenas para escalar os 11 iniciais,
mas também para realizar mudanças no decorrer dos jogos.
Além das lesões, Crespo perdeu ao longo da temporada jovens jogadores que
poderiam lhe dar esse fôlego novo durante as partidas e uma característica de
velocidade, além de jogadas de um contra um.
– O trabalho do Crespo é muito bom, e acho que a dificuldade que ele está tendo
é muito em função, em um recorte um pouquinho mais amplo, de algumas decisões
que a diretoria tomou e que na minha opinião são equivocadas. Por exemplo, de
vender toda essa molecada – afirmou Caio.
– Vender Henrique, vender Alves, vender Lucas Ferreira, vender jogadores de
velocidade que o São Paulo
tinha no elenco, e
trocar por jogadores medianos, mais velhos e que não estão dando a resposta que
o Crespo e a diretoria esperavam – acrescentou.
Os erros no planejamento tricolor não passam apenas pelas vendas, mas também
pelas contratações feitas, além do problema no pagamento dos atletas e perguntas
sem respostas no departamento médico.
– O resultado é que em muitos jogos entrou em campo um time com limitações. O
planejamento do clube também é uma questão. Lucas e Oscar ficam frequentemente
fora, e as opções de meio não são tão regulares (Rodriguinho iniciou bem e
oscilou). E, principalmente, o clube precisa entender por que ano após ano as
lesões punem tanto o elenco – declarou Mansur.
QUEDA NO RENDIMENTO E PROBLEMA NO ATAQUE
O São Paulo, mesmo
quando cria oportunidades, tem tido dificuldade de transformá-las em gols,
consequência lógica da perda de seus principais jogadores ofensivos e da queda
de produção dos que restaram.
– Você vai somar a queda de produção de alguns jogadores nesse período. Acho que
dá para citar o Luciano. A lesão do Marcos Antônio que era um cara determinante
no time, ficou de fora em algumas partidas e ainda não conseguiu voltar a jogar
aquilo que estava jogando. Tem a queda de produção do Bobadilla, que era outro
cara que estava muito bem – disse Rodrigo Coutinho.
– O Enzo ainda continua bem, mas o Cedric não estava tão bem, então tem uma
indefinição do lado direito. No lado esquerdo o Wendell teve muitas lesões,
então não dá muito desafogo para o Enzo, que acaba ficando desgastado, já que
joga quase sempre. Percebe-se uma queda também de nível dos defensores. Os
zagueiros estavam muito bem no início do Crespo, caíram de produção, porque o
time deixou de se defender da mesma maneira – completou o comentarista.
– A falta de poder de finalização ficou clara em alguns momentos. Mas jogos
cruciais como os 180 minutos contra LDU e o jogo com Palmeiras, o time produziu
para resultados melhores – arrematou Mansur.
PRÓXIMOS PASSOS
Os comentaristas ouvidos pelo ge acreditam que o melhor caminho a ser seguido
nesta reta final de Brasileirão é seguir o padrão tático estabelecido por
Crespo, que vinha dando certo, e priorizar os jogadores que estão no melhor
momento.
– Eu acho que é tentar insistir naquilo que os jogadores já dominam com o Crespo
e tentar recuperar individualmente. Para mim, acho que esse é o caminho agora. É
claro, tem que fazer a leitura. Quem não está bem tem que sair do time e dar
lugar a outros que estão bem. E tem limitação de elenco para isso. Mas é uma
situação complicada que o próprio São Paulo
se colocou –
diagnosticou Coutinho.
O São Paulo tem a
oportunidade de…




