Análise: Vale mais ser deputado do que ministro no Brasil
O episódio com Pedro Lucas evidencia a fragilidade do governo diante de um
Congresso cada vez mais autônomo e poderoso.
O episódio em que o União Brasil, o partido mais rico do país, recusou um
ministério no governo Lula fala por si só para quem busca entender a política
brasileira atual.
Duas semanas após informar o próprio presidente que indicaria um deputado para a
pasta, o partido decidiu não participar do governo. Esse movimento reflete uma
mudança significativa no jogo de poder em Brasília: hoje, são os ministros que
pedem recursos aos parlamentares, e não mais os parlamentares que solicitam
favores aos ministros, como era comum no passado.
Essa inversão é uma consequência clara dos bilhões em emendas parlamentares que,
nos últimos 10 anos, passaram a ser controlados de forma crescente pelo
Congresso — um cenário que Lula não conseguiu reverter, mesmo após nomear seu
ministro da Justiça para o Supremo Tribunal Federal em uma tentativa de
fortalecer sua influência.
A recusa do União Brasil em integrar o governo é ainda um péssimo indicativo
para a administração atual, pois, no mundo político, nenhum partido embarca em
um navio que parece prestes a naufragar. O episódio evidencia a fragilidade do
governo diante de um Congresso cada vez mais autônomo e poderoso.