O que faz o analista de desempenho individual? Conheça função que virou febre e auxilia jogadores até da Seleção
Profissionais ajudam atletas com reuniões e vídeos, em conjunto com os clubes; veja quanto custa e como é feito o serviço que se popularizou entre destaques de grandes equipe
Cada vez mais, a rotina de trabalho dos jogadores de alto nível se estende além dos centros de treinamento e dos jogos. Nos últimos anos, uma nova função ganhou importância no dia a dia dos atletas: a do analista de desempenho particular, utilizada por alguns dos principais destaques do futebol brasileiro.
Se o mercado era mais restrito até alguns anos atrás, atualmente várias empresas prestam esse tipo de serviço e auxiliam os jogadores. Até de quem chegou à Seleção. Há também casos de analistas que trabalham individualmente, ajudando os atletas sem ter por trás a estrutura de uma companhia.
Um caso recente de jogador que tornou pública a importância desse trabalho é o do lateral-direito Wesley, do Flamengo e convocado recentemente pela primeira vez para a Seleção. O jovem contou que a análise foi fundamental para a virada de chave que teve em 2024 e acrescentou que atualmente sai das partidas cobrando vídeos dos lances. Companheiro dele, Léo Ortiz fazia sozinho esse tipo de observação, mas recentemente buscou acompanhamento com uma empresa.
Sonho realizado: a estreia de Wesley na Seleção
— Eles pegam o vídeo do meu jogo, cortam todas as partes em que eu toco na bola e me mandam. Primeiro eu vejo e tenho que me analisar sozinho. Não sou analista, não entendo muito (risos). Um dia antes do jogo, eles me ligam para uma reunião, de que meus empresários participam. Um deles (Guilherme Siqueira) foi lateral e me ajuda bastante. Vendo de cima é mais fácil. Às vezes eu vejo que tinha oportunidade e não ia porque estava sem confiança. Comecei a parar e pensar, comecei a ver que foi dando certo. Essa foi uma das coisas que me ajudaram bastante — comentou Wesley em entrevista ao ge em março.
A rotina de um analista é variável, assim como a dos atletas, com sextas-feiras e sábados tendo as maiores demandas. Ela envolve preparação de material ao longo da semana, planejamento e, claro, assistir aos jogos de cada um dos clientes, seja pela televisão ou no estádio. O contato entre profissional e jogador fica apenas para o pós-jogo, nunca durante os confrontos. Uma plataforma utilizada por eles disponibiliza os vídeos e cortes das partidas até 12 horas após o apito final. Com esse material em mãos, tudo fica disponível em um drive.
Os valores para o trabalho de análise variam entre os prestadores. Em média, há quem cobre de R$ 300 a R$ 3,5 mil. Cada empresa ou profissional independente faz valores tabelados em pacotes que podem mudar de local para local, variando entre planos mensais, semestrais ou até anuais. Alguns cobram de acordo com o calendário, outros pelos serviços contratados e até pela experiência do analista que irá atender o cliente.
Diego Vieira é fundador e CEO da Outlier, uma das empresas que oferecem assessoria tática individualizada a jogadores no Brasil. Ele iniciou a carreira como jogador e se profissionalizou nos Estados Unidos. Depois, atuou dois meses em um clube da segunda divisão antes de seguir por outro caminho. Foi quando se tornou treinador que Diego passou a ter acesso a informações que nunca recebeu como atleta e enxergou um mercado.
O serviço começou de forma individual entre 2018 e 2020, quando ele fundou a empresa. Atualmente são 85 jogadores clientes e uma equipe de análise de desempenho com 16 profissionais. Diego já não faz mais as análises e fica no papel de gestão.