Ancelotti dá novo horizonte à Seleção a um ano da Copa

Técnico vê escolhas simples darem resultado. Brasil tem boa atuação contra o Paraguai, mas sem motivos para empolgação

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Brasil 1 x 0 Paraguai | Melhores momentos | 16ª Rodada | Eliminatórias da Copa – América do Sul

O Brasil assegurou vaga para a Copa do Mundo poucos minutos antes da virada para esta quarta-feira. É uma data simbólica: será daqui a um ano, em 11 de junho de 2026, a largada da competição na América do Norte. E a contagem regressiva começa a ficar um pouco mais animadora.

A vitória por 1 a 0 sobre o Paraguai, em São Paulo, formalizou aquilo que era óbvio. Com seis vagas diretas (mais uma via repescagem), não havia dúvidas de que a Seleção estaria na Copa. O que interessava era saber como ela chegaria lá. Sobre isso, ainda temos mais perguntas do que certezas. Aos poucos, porém, vai surgindo um horizonte – graças ao respiro trazido por Carlo Ancelotti.

Não há motivo para empolgação. O que temos, desde a chegada do italiano, são passos lentos – mas para frente. Nos dois primeiros jogos do novo treinador, ele acertou em escolhas simples: ao apostar em jogadores experientes na primeira convocação, ao fortalecer o sistema defensivo para ter o mínimo de segurança contra o Equador, ao modificar o setor ofensivo para se tornar mais agressivo diante do Paraguai.

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1 de 2 Ancelotti aplaude Brasil em vitória sobre o Paraguai — Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

Ancelotti aplaude Brasil em vitória sobre o Paraguai — Foto: NELSON ALMEIDA / AFP

O gol brasileiro nesta terça foi um símbolo disso. Ele passou por duas escolhas de Ancelotti. Matheus Cunha, alçado a titular neste jogo, apareceu bem na frente para tomar a bola, chegar à linha de fundo e mandar o cruzamento. E Vini Jr, estabelecido pelo italiano como atacante mais centralizado, completou para o gol de dentro da pequena área.

Foi uma boa atuação quando comparada ao passado recente. Bastou para vencer o Paraguai – uma equipe que não perdia havia nove jogos. Mas dificilmente bastaria contra seleções mais fortes. A defesa, apesar de alguns breves momentos de pressão paraguaia, conseguiu sustentar mais um jogo sem sofrer gols. Os laterais estiveram mais presentes. O ataque mostrou mais mobilidade. Mas ainda falta muito.

É uma Seleção em transição. A própria presença de Vini Jr centralizado, como uma espécie de falso centroavante, parece algo momentâneo – e que não deve ser solução para dois problemas crônicos da equipe: nem para o baixo rendimento de Vini, tampouco para a falta de um centroavante confiável.

2 de 2 Ancelotti abraça Vini Jr. na comemoração do gol do Brasil contra o Paraguai, marcado pelo camisa 10 — Foto: REUTERS/Jean Carniel

Ancelotti abraça Vini Jr. na comemoração do gol do Brasil contra o Paraguai, marcado pelo camisa 10 — Foto: REUTERS/Jean Carniel

Daqui a um ano, certamente será outra equipe. Conquistada a vaga, superado esse momento mais emergencial, Ancelotti terá tranquilidade para implementar suas ideias. Ele precisa encontrar uma base de time – nisso já houve uma evolução, especialmente defensiva. Depois de encontrá-la, terá que sofisticar o modo de a Seleção jogar. O que temos hoje é uma estrutura enferrujada: um time de pouca naturalidade, de encaixe tímido, pobre de ideias.

O tamanho do desafio de Ancelotti neste ano que resta até a Copa tem como régua a distância para os maiores concorrentes ao título. Os primeiros jogos do italiano na Seleção foram concomitantes à reta final da Liga das Nações na Europa. E a diferença é evidente. Países como Espanha, Portugal e França estão muito à frente, assim como a Argentina.

Mas agora há algum horizonte. Agora há a esperança, mínima que seja, de que essa distância possa ser encurtada – a ponto de tornar o hexa um sonho menos delirante.

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