Anestesista omitiu informações em prontuário após cirurgia que deixou menino em
estado semivegetativo, diz denúncia
Cleyverton Garcia Lima foi denunciado à Justiça por suposto erro médico. Por
meio do advogado, médico disse que não vai se pronunciar.
Miguel, de 15 anos, vive em estado semivegetativo, sem interação ou resposta a
estímulos há 4 anos. Segundo a família, que mora no Lago Sul, em Brasília, a condição foi
causada por erro do anestesista Cleyverton Garcia Lima, que atuou em uma
cirurgia que Miguel fez por causa de uma fratura no braço aos 11 anos (veja
detalhes abaixo).
Na denúncia apresentada pelo Ministério Público do Distrito Federal (MPDFT) em
2023, os promotores afirmam que Cleyverton Garcia Lima omitiu no prontuário de
Miguel informações sobre o que aconteceu na cirurgia para “prejudicar direito e
alterar a verdade sobre fato”.
Na Justiça, o processo ainda está em análise. Por meio do advogado, Cleyverton
Garcia Lima disse à TV Globo que não vai se pronunciar.
O Ministério Público afirma também que:
* o médico usou vários medicamentos durante o procedimento sem considerar o
peso, idade e condições clínicas de Miguel;
* por causa da mistura de medicamentos, o adolescente teve queda dos batimentos
cardíacos e da pressão arterial;
* em seguida, enquanto Miguel estava em parada cardiorrespiratória, Cleyverton
usou drogas anestésicas contraindicadas;
* o anestesista não adotou as condutas médicas previstas em protocolos para
pacientes pediátricos.
Na denúncia, é fixado o valor mínimo de R$ 1 milhão para reparação pelos danos
morais, considerando os prejuízos sofridos pela criança e pelos familiares.
Cintia Odppis, mãe do Miguel, fala das dificuldades enfrentadas pelo filho. No fim de 2020, Miguel teve uma fratura no braço esquerdo e foi submetido a uma
cirurgia, em um hospital particular, para corrigir uma falha na calcificação do
osso. O procedimento era simples e deveria levar menos de uma hora, mas Miguel
nunca mais acordou. Uma ressonância magnética confirmou que Miguel sofreu lesões cerebrais causadas
pela falta de oxigenação. Desde então, ele vive em estado semivegetativo.
O hospital Home, onde ocorreu a cirurgia, não é alvo da denúncia e diz que tem
prestado todas as informações sobre o caso à Justiça, “de modo a comprovar a
qualidade dos serviços prestados e não deixar dúvidas sobre a ausência de
qualquer responsabilidade do hospital no atendimento ao Miguel”. O Home informou ainda que vai aguardar o término dos processos para se
pronunciar e adotar todas as medidas legais cabíveis.