Após polêmicas envolvendo o produtor Rick Bonadio e o funk brasileiro, a cantora Anitta publicou um artigo de opinião na revista Época em defesa do gênero musical que alavancou sua carreira, com o título é “O que tem de errado com o funk? Nada!”.
No artigo a funkeira lista as conquistas que o funk teve ao longo dos tempos, porém isso não impede que o estilo musical seja alvo de preoconceito.
“Ainda há pessoas que preferem acreditar que, por ter sido feito por gente da favela ou sem formação em música, o funk não mereça destaque ou valor. Mas o valor é muito alto. Não só como entretenimento, mas também econômico”, ressalta a artista.
“Os críticos se apoiam, em sua maioria, no que eles chamam de ‘falta de profundidade’ das letras, desmerecendo o trabalho de quem as compõe e também todo um movimento cultural que gira em torno do funk. Fala-se tanto de valorização da cultura no Brasil, mas o funk ainda precisa enfrentar esse tipo de barreira com base em quê? No preconceito? Por quê? Talvez por sermos preconceituosos, racistas, elitistas? Vale a reflexão sobre o tema. Somos frutos do nosso meio. Se na favela tem arma, crime, se falta um português correto ou versos poéticos, o que esperar de uma música que nasce lá? Se para o funkeiro a diversão é rebolar, se é pelo prazer da conquista entre duas pessoas, se o sexo não é um tabu e é visto como algo natural e prazeroso, qual o problema? Nenhum”, escreveu a cantora.
Anitta escreve também que os guetos usam a música para se expressar, assim como no funk, rap, hip-hop e outros gêneros.
“Eu lamento que ainda estejamos debatendo esse tema. Prefiro me concentrar no meu trabalho e acreditar que outros artistas de funk e ritmos marginalizados estejam cada vez mais ganhando seus espaços de forma justa, honesta, criativa, cultural e representando o Brasil aqui e fora dele”, defendeu.
A artista revela o preconceito que ela própria sofreu na pele, ainda mais antes da fama. aqui esse som de preto e favelado não entra”, “mulher funkeira é tudo vagabunda” e “nosso público é outro”. Fora do Brasil, ela ouvia o contrário.
“Dizem que meu funk é muito mais suave ou com uma levada puxada para o pop quando o assunto é exterior. Já querem problematizar em cima disso. Calma, gente. Ainda é só o começo. Os gringos estão se familiarizando aos poucos. Ver a Cardi B performando a versão de “Wap” feita pelo DJ e produtor Pedro Sampaio foi incrível e uma vitória e tanto para o funk. Era a música gringa misturada com a nossa batida e elementos criados por um brasileiro para meio planeta Terra assistir. Quem sabe já, já a gente não tem ainda mais do funk brasileiro por aí. Um batidão daqueles que a gente ama e os pseudocríticos odeiam! Meu sonho é ver o Grammy e os principais prêmios internacionais reconhecendo o que vem do Brasil. Seja da parte rica ou da parte pobre. É tudo nosso”, concluiu.