Antibolsonarismo: o que mudou em quatro anos de governo?

Antibolsonarismo: o que mudou em quatro anos de governo Bolsonaro

O antibolsonarismo está crescendo. Em pesquisa Ipec desta semana, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) soma 51% de rejeição. Seu principal adversário, Lula (PT), tem 35%. Na BTG/Pactual, 56% não votariam de jeito nenhum no candidato à reeleição. Com isso em mente, o DE preparou uma matéria especial para explicar os motivos por trás dessa tendência política.

Início e queda da popularidade de Bolsonaro

No primeiro turno das Eleições 2018, Bolsonaro somou 46,03% dos votos válidos e partiu para disputar o segundo turno contra Fernando Haddad (PT). Então, recebeu 55,13% dos votos válidos e se elegeu como o 38º presidente da história do Brasil. O professor de marketing político Marcos Marinho detalha melhor aquele cenário.

“Em 2018, Bolsonaro foi eleito por uma somatória de fatores. O discurso bolsonarista já estava por baixo dos tecidos sociais, então ele verbalizou o que muitos não tinham coragem. Isso deu conexão a ele com uma parcela considerável da população. Só que isso, para qualquer político, não é suficiente. O restante dos votos do Bolsonaro veio por conta do antipetismo, e não por uma perspectiva de melhor governo”, descreve.

Quatro anos depois, a situação é totalmente diferente. O antipetismo oscilou e, consequentemente, Bolsonaro perdeu força. Nasceu então o antibolsonarismo, muito influenciado pela postura do presidente ao longo de seu mandato, recusando-se a dialogar com outras frentes sociais e não se posicionando de maneira mais empática na pandemia da Covid-19.

“Diferente de FHC e Dilma, que tentavam dialogar com uma postura mais republicana, Bolsonaro se manteve no palanque o tempo todo. Quando isso acontece, ele está sempre na militância interna, o que dá esse alto índice de rejeição”, prossegue Marcos.

Segundo o professor, Bolsonaro conseguiu a proeza de conseguir mais pessoas contra ele do que a favor nestas Eleições, mesmo estando com a máquina pública e o governo na mão. O doutor em ciências sociais pela Universidade de Brasília (UnB), Pedro Araújo Pietrafesa, compartilha da mesma opinião. “O líder não teve a sensibilidade necessária para lidar com os problemas nacionais”, afirma.

O crescimento do antibolsonarismo

A postura truculenta e verborrágica, em análise de Marcos Marinho, contribuiu para que o antibolsonarismo crescesse e mudasse completamente o cenário das Eleições 2022.

“É uma marca clara de que o grosso da população rejeita o modelo de Bolsonaro. Se Lula, passando tudo que ele passou e tendo que retomar toda uma situação política, consegue vencer uma Eleição no primeiro turno, isso dá uma prova cabal que os grupos políticos, econômicos e sociais não querem mais essa forma bolsonarista de conduzir o País”, reforça.

Para Pedro Araújo, Bolsonaro desdenhou dos desafios do próprio governo. Além disso, foi desrespeitoso durante a pandemia e não lidou de forma pacífica com adversários políticos. Por fim, mesmo com alguns indicadores evoluindo neste ano, em comparação a 2020 e 2021, eles não foram o suficiente para aumentar a popularidade do presidente.

“Essas pequenas melhoras não trazem as mil maravilhas do ponto de vista macroeconômico. São simplesmente melhoras em relação ao fundo do poço”, declara o doutor em ciências sociais.

A curto prazo, Bolsonaro tentou medidas como diminuição no preço do combustível e a insistência no Auxílio Brasil. Porém, Pedro Araújo reitera que a percepção do eleitorado é de que o presidente fez isso justamente por conta das Eleições. Assim, cada uma das peças foi contribuindo para o crescimento do antibolsonarismo até o ponto em que chegou hoje.

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Gabinete de transição ganha reforço com Simone Tebet e Kátia Abreu 

Duas semanas após as eleições, o grupo de trabalho responsável pela transição do governo para a posse Lula ganhará reforços. Na lista de integrantes do gabinete que devem ser nomeados estão a ex-presidenciável Simone Tebet, a filha do cantor Gilberto Gil, Bela Gil, e a ex-ministra da Agricultura, Kátia Abreu. Os nomes foram anunciados pelo vice-presidente eleito e coordenador do trabalho, Geraldo Alckmin,  nesta segunda-feira. Ao todo são 31 grupos técnicos.

Gil e Tebet fazem parte do tópico Desenvolvimento Social e Combate a Fome, enquanto Abreu de Agricultura, Pecuária e Abastecimento. As áreas ainda sem nomes definidos são Infraestrutura, Minas e Energia, Previdência Social, Trabalho, Ciência, Tecnologia e Inovação, Desenvolvimento Agrário, Pesca e Turismo. (Veja abaixo todos os nomeados no gabinete de transição).

Na semana passada, a goiana Iêda Leal  foi incluída no grupo para cuidar do eixo e Igualdade Racial com outras seis pessoas, incluindo a ex-ministra da área na gestão de Dilma Rousseff, Nilma Gomes. As outras formações para discussão e planejamento são  Comunicação, Igualdade Racial, Direitos Humanos, Planejamento, Orçamento e Gestão, Indústria, Comércio, Serviços e Pequenas Empresas e Mulheres. 

Há 20 anos, uma lei federal garante acesso de uma equipe formada por 50  pessoas e de um coordenador a informações e dados de instituições públicas. A medida visa colaborar no planejamento de ações a partir da posse do presidente eleito. O trabalho está autorizado a  começar no segundo dia útil do anúncio do vencedor da eleição e deve ser finalizada até o décimo dia após a posse presidencial.

Confira a lista completa dos integrantes do gabinete de transição:

Economia

-Persio Arida, banqueiro, foi presidente do BNDES e do BC

-Guilherme Mello, economista, colaborou com o programa de Lula

-Nelson Barbosa, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento de Dilma (PT)

-André Lara Resende, economista e um dos pais do Plano Real

Planejamento, Orçamento e Gestão

-Guido Mantega, ex-ministro da Fazenda e do Planejamento 

-Esther Dweck, professora da UFRJ

-Antônio Correia Lacerda, presidente do Conselho Federal de -Economia

-Enio Verri, deputado federal (PT-PR)

Comunicações

-Paulo Bernardo, ministro das Comunicações de Dilma

-Jorge Bittar, ex-deputado (PT)

-Cézar Alvarez, ex-secretário no Ministério das Comunicações

-Alessandra Orofino, especialista em economia e direitos humanos

Indústria, Comércio e Serviços

-Luciano Coutinho, ex-presidente do BNDES sob Lula e sob Dilma (2007-2016)

-Germano Rigotto, ex-governador do RS (MDB)

-Jackson Schneider, executivo da Embraer e ex-presidente da Anfavea

-Rafael Lucchesi, Senai Nacional

-Marcelo Ramos, deputado federal (PSD-AM)

Micro e Pequenas Empresas

-Tatiana Conceição Valente, especialista em economia solidária

-Paulo Okamotto, ex-presidente do Sebrae

-André Ceciliano, candidato derrotado ao Senado pelo PT no Rio

-Paulo Feldmann, professor da USP

Desenvolvimento Social e Combate à fome

-Simone Tebet, senadora (MDB)

-André Quintão, deputado estadual (PT-MG), sociólogo e assistente social

-Márcia Lopes, ministra de Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Lula

-Tereza Campello, ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome no governo Dilma Rousseff

-Bela Gil, apresentadora

Agricultura, Pecuária e Abastecimento

-Carlos Fávaro, senador (PSD-MT)

-Kátia Abreu, senadora (Progressistas-TO)

-Carlos Ernesto Augustin, empresário

-Neri Geller, deputado (PP-MT)

Cidades

-Márcio França, ex-governador de São Paulo (PSB)

-João Campos, prefeito do Recife (PSB)

Desenvolvimento Regional

-Randolfe Rodrigues, senador (Rede-AP)

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