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Antibolsonarismo: o que mudou em quatro anos de governo?

Última atualização 29/09/2022 | 14:15

O antibolsonarismo está crescendo. Em pesquisa Ipec desta semana, o atual presidente Jair Bolsonaro (PL) soma 51% de rejeição. Seu principal adversário, Lula (PT), tem 35%. Na BTG/Pactual, 56% não votariam de jeito nenhum no candidato à reeleição. Com isso em mente, o DE preparou uma matéria especial para explicar os motivos por trás dessa tendência política.

Início e queda da popularidade de Bolsonaro

No primeiro turno das Eleições 2018, Bolsonaro somou 46,03% dos votos válidos e partiu para disputar o segundo turno contra Fernando Haddad (PT). Então, recebeu 55,13% dos votos válidos e se elegeu como o 38º presidente da história do Brasil. O professor de marketing político Marcos Marinho detalha melhor aquele cenário.

“Em 2018, Bolsonaro foi eleito por uma somatória de fatores. O discurso bolsonarista já estava por baixo dos tecidos sociais, então ele verbalizou o que muitos não tinham coragem. Isso deu conexão a ele com uma parcela considerável da população. Só que isso, para qualquer político, não é suficiente. O restante dos votos do Bolsonaro veio por conta do antipetismo, e não por uma perspectiva de melhor governo”, descreve.

Quatro anos depois, a situação é totalmente diferente. O antipetismo oscilou e, consequentemente, Bolsonaro perdeu força. Nasceu então o antibolsonarismo, muito influenciado pela postura do presidente ao longo de seu mandato, recusando-se a dialogar com outras frentes sociais e não se posicionando de maneira mais empática na pandemia da Covid-19.

“Diferente de FHC e Dilma, que tentavam dialogar com uma postura mais republicana, Bolsonaro se manteve no palanque o tempo todo. Quando isso acontece, ele está sempre na militância interna, o que dá esse alto índice de rejeição”, prossegue Marcos.

Segundo o professor, Bolsonaro conseguiu a proeza de conseguir mais pessoas contra ele do que a favor nestas Eleições, mesmo estando com a máquina pública e o governo na mão. O doutor em ciências sociais pela Universidade de Brasília (UnB), Pedro Araújo Pietrafesa, compartilha da mesma opinião. “O líder não teve a sensibilidade necessária para lidar com os problemas nacionais”, afirma.

O crescimento do antibolsonarismo

A postura truculenta e verborrágica, em análise de Marcos Marinho, contribuiu para que o antibolsonarismo crescesse e mudasse completamente o cenário das Eleições 2022.

“É uma marca clara de que o grosso da população rejeita o modelo de Bolsonaro. Se Lula, passando tudo que ele passou e tendo que retomar toda uma situação política, consegue vencer uma Eleição no primeiro turno, isso dá uma prova cabal que os grupos políticos, econômicos e sociais não querem mais essa forma bolsonarista de conduzir o País”, reforça.

Para Pedro Araújo, Bolsonaro desdenhou dos desafios do próprio governo. Além disso, foi desrespeitoso durante a pandemia e não lidou de forma pacífica com adversários políticos. Por fim, mesmo com alguns indicadores evoluindo neste ano, em comparação a 2020 e 2021, eles não foram o suficiente para aumentar a popularidade do presidente.

“Essas pequenas melhoras não trazem as mil maravilhas do ponto de vista macroeconômico. São simplesmente melhoras em relação ao fundo do poço”, declara o doutor em ciências sociais.

A curto prazo, Bolsonaro tentou medidas como diminuição no preço do combustível e a insistência no Auxílio Brasil. Porém, Pedro Araújo reitera que a percepção do eleitorado é de que o presidente fez isso justamente por conta das Eleições. Assim, cada uma das peças foi contribuindo para o crescimento do antibolsonarismo até o ponto em que chegou hoje.

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