O cineasta Ângelo Lima é um dos artistas mais reconhecidos de Goiás. Premiadíssimo, Lima, que é natural do Pernambuco, mas radicado nas terras goianas, faz filmes inspirados na problemática de Charlie Chaplin, sempre retratando temas importantes e denunciando mazelas sociais.
Sempre acompanhado do ventríloquo Fernandinho, um retrato fiel do ídolo Chaplin, Ângelo lembra da trajetória de sucesso. Tudo começou quando jovem, assistindo ao filme “Ruth”. De lá para cá, ele passou de espectador a produtor. (Confira a entrevista completa acima).
O maior conjunto de obras do cineasta é, sem dúvida, os relacionados ao acidente radiológico de Goiânia. “O primeiro foi ‘Amarelinha’. É um filme sobre a Leide das Neves. É um filme muito simples, mas muito tocante, muito sério. Em três minutos nós colocamos e mostramos o que é de fato aquela história. É um filme que emociona muito. Depois fizemos o ‘Pesadelo é Azul’, que é mais pesada. Mostramos a relação das vítimas com o Estado. Acho que esta é a função do cinema: dar voz aos excluídos”, relatou em entrevista ao Diário do Estado.
As obras tematizadas pelo Césio-137 foram reconhecidas nacional e internacionalmente. As produções levaram Ângelo a Rússia, onde ganhou o principal prêmio da carreira.
Valorização local
Embora seja natural do Pernambuco, Ângelo fez crescer sua arte em Goiás e se considera goiano. Os prêmios, entretanto, parecem não ser suficientes para o reconhecimento do grande público do Estado. O problema, segundo o cineasta, é generalizado. Os artistas locais, conforme ele relata, são relegados e desvalorizados pelo público da própria terra.
Ângelo critica o desconhecimento do goiano para com a cultura produzida no Estado, e elogias produções e artistas locais.
“Opção em Goiás tem. Será que opção é só quando vem um grupo de São Paulo ou Rio de Janeiro? Vá ao teatro assistir a uma peça do Grupo Guará, do Marcos Fayad, de outros grupos. Você está gerando dividendos quando vai ao teatro, empregando pessoas. Vamos comprar um disco do Fernando Perillo, do Pádua. Vamos dar força para esse pessoal. Eu acho que temos que parar que Goiás não faz arte, não faz cultura. Fazemos. E das boas. O goiano tem que assumir que ele é legal, que ele faz e que as pessoas que fazem aqui são boas”, disse.