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“Violência contra a mulher atinge todas as classes sociais”, afirma delegada Cássia Sertão

Última atualização 17/08/2017 | 16:49

No mês em que se completam 11 anos de lei Maria da Penha, a violência contra a mulher ainda é assunto a ser reiterado e combatido. A delegada Cássia Sertão, titular da Delegacia Especializada no Atendimento à Mulher (Deam), lembra que a lei estruturou uma rede de proteção às vítimas, criando mecanismos de combate, proteção e punição à violência, mas que o problema não é só uma questão de segurança pública como também educação.

Em entrevista ao Diário do Estado, a delegada afirmou que o trabalho das delegacias especializadas é muito importante, uma vez que a instituição conta com profissionais que atendem as vítimas de forma mais sensível. “Há um acolhimento da mulher. Ela se sente mais protegida e confortável para denúncia”, conta. Conforme Sertão, as delegacias de atendimento à mulher ainda são uma realidade de capitais e interior sofre com a defasagem.

A lei Maria da Penha evidencia inúmeros tipos de violência. “Não é somente a violência física, têm a violência moral e verbal que atinge a mulher na alma”, relata a delegada. Segundo ela, a violência moral é naturalizada na sociedade e, muitas vezes, a vítima não percebe que está sofrendo tal agressão. Há ainda a violência patrimonial, em que o companheiro controla a finanças da mulher deliberadamente. “Ele obriga a mulher a entregar o salário, ele a tem como posse, assim como seus bens”, exemplifica.

Cássia Sertão falou, ainda, sobre as dificuldades de diminuir as estatísticas. “Quando se trata de violência da mulher, nós não temos um perfil. A violência atinge todas as classes sociais, ela está na sociedade”, pontua. Para ela, a educação impõe ao homem ser macho, resolver seus problemas com violência e se sentir superior às mulheres.

Denúncia

O primeiro passo para que as mulheres possam romper o silêncio e denunciar livremente seus agressores é um sistema que garanta a proteção das vítimas, garante a titular da Deam. “Uma polícia forte, um poder judiciário estruturado, participação da defensoria pública e casas abrigos”, cita.

Ela cita casos de feminícidio, quando o homicídio têm motivações machistas e possessivas em relação às mulheres, como o da estudante Mayara Amaral, de 27 anos, que foi assassinada pelo ex-namorado. “A sociedade machista deu ao homem a sensação de dominação. Ele acha que tem poder, inclusive, sobre a vida da mulher”, alerta.