O produtor rural não é o grande vilão pelos danos ambientais ao cerrado. A afirmação é do delegado titular da Delegacia Estadual de Meio-Ambiente (Dema), Luziano Carvalho. Em entrevista ao Diário do Estado, o delegado reiterou o compromisso da Polícia Civil no combate aos crimes ambientais, defendeu a conscientização como ferramenta de trabalho, e alegou que os fazendeiros não são os únicos culpados pela degradação do bioma de Goiás. (Confira a entrevista completa acima).
“Nós temos problemas ambientais graves, mas eu nunca afirmaria que o produtor rural é o grande vilão pela degradação do cerrado. Sempre desmatou, mas para produzir. O que falta é orientação, conscientização. Claro que quando os lados econômicos e ambientais se chocam, o econômico sempre vai ganhar”, disse Carvalho.
O delegado, apesar de reconhecer que a educação é problemática, ressalta que a legislação do novo Código Florestal precisa ser cumprida.
“É preciso saber que leis precisam ser cumpridas. Quando se teve o novo Código Florestal, os ambientalistas criticaram. Eu achei bom, mas esse código precisa ser cumprido. Ele não está sendo cumprido”, enfatizou.
Questionado sobre a necessidade de métodos punitivos para reprimir os crimes ambientais, Carvalho reiterou que a educação, aliada ao processo de conscientização, é mais eficaz. O delegado também elogiou a legislação ambiental brasileira e cobrou que ela seja, de fato, colocada em prática.
“Na área ambiental será que a repressão resolve? Nunca teremos leis ideias, mas temos que trabalhar com a legislação que temos. Eu vejo que falta muita estratégia de conscientização, de prevenção. Depois falamos de fiscalização e punição. Critica-se muito as leis, mas a lei ambiental neste país é eficiente. O que não se faz é colocá-la em prática. O que precisamos é ter a legislação ao lado e colocá-la junto com a prática. Os poderes também têm que trabalhar em conjunto. A educação, tanto formal quanto informal, precisa ser melhorada”, argumentou.
Férias no Araguaia
Em temporada de férias, as regiões banhadas pelo rio Araguaia são algumas das mais procuradas em Goiás. O número de infrações, como pesca predatória, tende a crescer com o alto número de turistas. Luziano Carvalho afirma que a Deam não atua no Araguaia somente nas férias. O delegado ressalta que as ações da Polícia Civil são constantes e durante todo o ano. Para ele, os visitantes também têm contribuído para a preservação.
“A Polícia Civil está no Araguaia o ano todo, não apenas em julho. O trabalho de apurar, investigar e punir crimes ambientais. O turista também já é consciente. Ele sabe o que pode e não fazer e sabe que deve preservar. Em julho vamos, no máximo, distribuir camisetas, fazer campanha de conscientização. Nós temos que proteger o Araguaia desde as suas nascentes. As nascentes principais e as voçorocas estão estabilizadas ou em processo de estabilização. Temos que proteger as cachoeiras do Araguaia, que poucas pessoas sabem que existem”, concluiu.