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Presidente do Sinpro: “Uma sociedade que não valoriza o professor não tem futuro”

Última atualização 20/10/2017 | 10:59

A educação é ponto fundamental na construção de qualquer país. No Brasil, porém, ela é tradicionalmente desvalorizada, a começar pela profissão do professor. Os mestres têm de lidar com um ambiente desfavorável, baixos salários e pouca perspectiva. Este foi o raciocínio apresentado pelo presidente do Sindicato dos Professores do Estado de Goiás (Sinpro), Railton Nascimento. (Veja a entrevista completa acima).

Em entrevista ao Diário do Estado, o professor discorreu sobre diversos temas e, entre eles, a preocupação com o baixo interesse pela carreira docente.

“O professor sente que o ambiente não é favorável. Muitos colegas estão dizendo que vão abrir um negócio, um supermercado e empreender, porque não conseguem mais ter segurança na profissão de professor. A procura pelas licenciaturas hoje é mínima. Essa é uma questão gravíssima. Como vamos ter uma sociedade sem professores?”, afirmou.

Para o presidente, a própria população não reconhece a educação como deveria. “Uma sociedade que não valoriza a educação, que não valoriza o professor, é uma sociedade sem futuro. Todas as profissões dependem do professor. Sem o professor não se forma nenhum profissional”, enfatizou.

Temas polêmicos

De 2016 para cá, algumas modificações na educação tem sido propostas e efetivadas pelo governo. Uma delas foi a reforma do Ensino Médio, promulgada no ano passado. O presidente do Sinpro se diz contrário à alteração. Um dos pontos atacados por Nascimento é o notório saber, justificativa pela qual um profissional sem formação com licenciatura poderia lecionar.

“ O professor tem que ter uma formação adequada nas disciplinas pedagódicas, para que saibam lidar com a psicologia, filosofia e legislação educacional. É uma perspectiva muito perigosa a do notório saber”, argumentou.

Outro tema polêmico e em discussão no Brasil é o projeto Escola Sem Partido. Conforme expõem os defensores, o professor não poderia doutrinar o aluno para determinado viés ideológico político. Na opinião de Railton, porém, a proposta fere preceitos educacionais.

“A proposição de Escola Sem Partido é a tentativa de imposição de um pensamento uniformizado. É a tentativa de retirar da escola o pensamento crítico. É uma perspectiva que desrespeita o pluralismo de ideias assegurado pela Constituição Federal. O aluno tem de ter o direito de desenvolver um pensamento crítico tendo acesso a todo tipo de informação”, disse.