Aparecida de Goiânia fará campanha de combate ao assédio às mulheres nos ônibus

Essa desculpa de que foi sem querer, que o ônibus está cheio, não cola. A mulher sabe diferenciar o esbarrão de um gesto de importunação sexual. Para esclarecer as passageiras do transporte coletivo sobre como denunciar esse tipo de violência, a Secretaria Executiva da Mulher, ligada à Secretaria de Assistência Social, lançará na próxima semana a campanha de conscientização Fim da linha para a importunação sexual contra as mulheres.

O lançamento da campanha ocorrerá na quarta-feira, 28, às 8h, no Terminal Cruzeiro. Equipes da Secretaria de Assistência Social de Aparecida vão abordar passageiros numa blitz educativa, que visa esclarecer o público sobre a importância de denunciar e buscar, dentro da lei, a reparação dos danos causados às vítimas de atos característicos de importunação sexual.

Em vigor desde 2018, a lei da importunação sexual considera como crime atos libidinosos praticados na presença de alguém e contra a vontade da pessoa, como toques inapropriados, por exemplo. É o que ocorre com frequência em ônibus do transporte coletivo, segundo relatado por passageiras em rodas de conversa.

Para tanto, além da blitz no Terminal Cruzeiro, serão feitas abordagens aos passageiros nos Terminais Araguaia, Vila Brasília e Garavelo, nos dias 3, 4 e 5 de setembro, respectivamente. Parceiro do município na realização da campanha, o consórcio RedeMob cedeu espaço em 1.000 veículos do transporte coletivo metropolitano para a fixação de cartazes alusivos à campanha. As peças poderão ser vistas nos ônibus até o fim de setembro.

A lei da importunação sexual, que é considerada um braço da Lei Maria da Penha, completa um ano neste mês de setembro. Ela está regulamentada no Código Penal Brasileiro. Até o ano passado, casos similares eram tratados como contravenções penais e rendiam pena de multa. Já esse novo texto, mais rigoroso, prevê pena de 1 a 5 anos de prisão.

Como denunciar

Relatório da Secretaria de Segurança Pública de Goiás mostra que neste ano já foram registradas 23 ocorrências de importunação sexual não só no transporte coletivo, mas também em locais públicos, residências e estabelecimentos comerciais. Quem quiser denunciar casos do tipo pode fazer pelo telefone 190, da Polícia Militar, ou diretamente numa delegacia da Polícia Civil.

Em Aparecida, a Secretaria Executiva da Mulher disponibiliza o telefone (62) 3545-5821 para orientar o público feminino vítima de importunação sexual.

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Desastres climáticos aumentam 250% no Brasil em quatro anos, revela estudo

O Brasil registrou um aumento de 250% nos desastres climáticos entre 2020 e 2023, comparado aos níveis da década de 1990, segundo um estudo conduzido pela Aliança Brasileira pela Cultura Oceânica, em parceria com a Unifesp, o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação (MCTI), a Unesco e a Fundação Grupo Boticário. O levantamento utilizou dados do Sistema Integrado de Informações sobre Desastres (S2ID) e analisou temperaturas médias do ar e da superfície oceânica ao longo dos últimos 32 anos.

Os pesquisadores apontaram que elevações de 0,1°C na temperatura global do ar resultaram, em média, em 360 novos desastres climáticos no Brasil. Para a superfície oceânica, o mesmo aumento de temperatura ocasionou 584 eventos extremos adicionais. Entre os dados apresentados, destacam-se os 16.306 desastres climáticos registrados entre 2020 e 2023, em contraste com os 6.523 eventos da década de 1990. Desde 1991, o Brasil acumulou 64.280 registros de desastres, afetando 92% dos municípios brasileiros.

Entre os eventos mais recorrentes estão as secas, que representaram 50% dos casos, seguidas por inundações e enchentes (27%) e tempestades (19%). Além disso, o aquecimento contínuo do oceano, que nos últimos 40 anos subiu cerca de 0,6°C, tem intensificado furacões, inundações e outros eventos extremos, como as secas no Centro-Oeste e as enchentes no Rio Grande do Sul em 2024.

De acordo com o estudo, os prejuízos econômicos acumulados desde 1995 chegam a R$ 547,2 bilhões, com perdas de R$ 188,7 bilhões apenas entre 2020 e 2023. Projeções baseadas no Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) indicam que, mesmo no cenário mais otimista, o Brasil poderá enfrentar o dobro de desastres climáticos registrados nas últimas três décadas até 2050. Já no pior cenário, com aquecimento global superior a 4°C, os números podem alcançar 600 mil ocorrências até 2100.

Os custos projetados variam entre R$ 1,61 trilhão, no cenário otimista, e R$ 8,2 trilhões no pessimista, ressaltando os impactos sociais e econômicos do aumento da temperatura global. Especialistas destacam a urgência de adotar medidas de resiliência e adaptação, como a recuperação de manguezais e dunas, para mitigar os danos e fortalecer comunidades vulneráveis.

A pesquisa também destacou que o aquecimento global contribui para desafios como a alta nos preços de alimentos e energia, escassez hídrica e aumento de doenças como a dengue, ressaltando a necessidade de ações coordenadas e globais para reduzir emissões de gases de efeito estufa e construir um futuro mais seguro.

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