A quantidade de novos emplacamentos de automóveis caiu em Goiás. O ritmo de desaceleração de veículos zero quilômetro nas ruas contrapõe ao da frota que subiu, mas timidamente. De acordo com a plataforma Detran Inside, o estado tem atualmente 2.051.555 carros, sendo 1.766.824 na ativa. Goiânia, Aparecida de Goiânia, Anápolis, Rio Verde e Itumbiara têm o maior índice de veículos por habitante.
Enquanto em 2018 havia 1.857.042 veículos de quatro rodas, em 2019 eles aumentaram para 1.915.297, no ano de 2020 chegaram a 1.971.8666, e, em 2021, cresceram para 2.023.120. Este ano, o número alcançou 2.051.555 em Goiás. A tendência de queda proporcional nos emplacamentos se acentuou com a pandemia, apesar do medo das pessoas de se infectarem pelo coronavírus no transporte coletivo e das alterações no horário de circulação dos ônibus.
Uma das explicações é a sequência de aumentos para novos emplacamentos por meio da aquisição de automóveis e de manutenção. O economista Luiz Carlos Ongaratto explica que mesmo com a redução dos combustíveis, um dos itens custeados por proprietários de veículos, bancar um carro está mais caro por uma série de fatores relacionados aos cenários interno e externo.
“Temos o efeito rebote da pandemia porque muitas linhas de produção pararam em todo o mundo, principalmente pela escassez de semicondutores, usados na parte eletrônica. As taxas de juros no Brasil foram elevadas, o que comprometeu o parcelamento, e o custo de manutenção e peças também devido a alguns itens serem importados e pagos em dólar”, detalha.
De acordo com o especialista, os carros nacionais são mais baratos, mas menos seguros do que os produzidos em outros países da América do Sul. A necessidade de incrementos de segurança entraram na conta. A inflação sobre serviços pesou também nas oficinas mecânicas que passaram a realizar ajustes. “A nossa composição de custos é mais alta, como um todo. Estamos há dois meses em deflação, porém um carro exige muito mais que combustível”, pontua.
A expectativa é de movimentação para conquistar os clientes nas concessionárias e nas lojas de veículos seminovos. A gerente da Tecar Renault Goiânia do Jardim Goiás, Rosane Maia, afirma que as altas têm afastado bastante os clientes e, quando aparecem, já sabem o que querem. A maioria deles pesquisa pela internet e o trabalho do consultor fica limitado à negociação do carro.
“Os juros estão aumentando muito. Os aumentos ocorrem em praticamente todos os meses. Nossos líderes de vendas são o Kwid, Duster e Oroch. O mais popular, o Kwid, hoje sai por R$ 65.490, por exemplo”, diz.
Ongaratto acredita que haverá descontos e ofertas e mais chances de negociação, não necessariamente na tabela de preços. Os valores diferenciados podem tentar competir com os dos usados, uma opção para quem não quer depender de outros meios de transporte. No caso das manutenções, a previsão é de estabilidade, acompanhando a inflação.
Frota antiga
Um dos reflexos do recuo na entrada de novos carros é o envelhecimento da frota de veículos brasileira em ascensão desde 2014. A idade média de automóveis, comerciais leves, caminhões e ônibus é a maior desde 1995, com 10 anos e 3 meses, conforme dados relativos ao ano passado do Sindicato Nacional da Indústria de Componentes para Veículos Automotores (Sindipeças). A capital goiana tem umas das maiores frotas do País, acompanhada de São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília e Curitiba.