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Apesar de queda dos combustíveis, alimentos ainda pesam no bolso dos goianos

Última atualização 09/09/2022 | 17:11

Comer todos os dias e adequadamente tem sido um desafio para muitos brasileiros, principalmente para os que dependem de um salário mínimo, atualmente de R$ 1.212. O custo da cesta básica de alimentos consumiu 58,54% da renda do trabalhador em agosto deste ano contra 55,93% referente ao mesmo período do ano passado, segundo o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (DIEESE).

Apesar do leve aumento do índice, o cidadão comum reclama que a elevação dos alimentos parece ter sido muito maior. A diarista Glany Nogueira diz que está assustada com a escalada dos itens básicos da alimentação. O peso no orçamento fez com que ela deixasse de fazer compras mensais e passasse a adquirir alimentos diariamente e em menor quantidade no supermercado próximo à residência. 

“No ano passado eu gastava R$ 500 em uma compra boa de comida do dia a dia mesmo. Hoje eu não consigo. Vou todos os dias ao mercado para comprar arroz, feijão, óleo, enfim, o que falta. Tudo subiu sem limite. Eu acabo fazendo substituições e deixando de comprar algumas besteiras que as crianças gostam. Vai ser difícil até dar presentes no dia delas, em 12 de outubro”, afirma ela, que tem seis filhos e um neto.

O pão tem se limitado a dez unidades no dia da promoção porque o quilo custa R$ 10. Na semana chega a R$ 15. O litro do leite, do óleo e o pacote do feijão são os mais difíceis de serem trocados por outros. No caso do primeiro, o preço saltou de R$ 3,50 para R$ 8, do segundo subiu de R$ 4 para R$ 8 e o último foi de R$ 5 para R$ 9, de acordo com ela. As carnes agora fazem parte do prato somente algumas vezes por semana, fazendo do ovo e da salsicha as estrelas na maioria dos outros dias.

A situação se contrapõe à deflação de -0,36% registrada pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) – puxada pelas reduções no preço dos combustíveis –  já que a inflação apenas para os alimentos ficou bastante acima da acumulada para o período, em 9,6%. Na mesma linha de aumentos, o vestuário também foi impactado com alta de 17,44% no último ano apontada em agosto pelo IBGE. 

O montante é mais que o dobro da inflação do período, de 8,73%. Proprietário de uma loja na região da 44, considerada o segundo maior polo de moda do Brasil, Lucas Silva afirma que o setor tem sentido a diferença desde a pandemia. Segundo ele, o acréscimo no preço pago pelos clientes chega a 13%.

Um dos motivos é a demanda frente à redução de oferta. O empresário explica que um dos fornecedores da indústria têxtil alegou ter reduzido a produção malha de 700 toneladas para 400 toneladas por falta de matéria-prima. Além disso, os estoques estão sendo repostos com produtos comprados no início deste ano, ou seja, o valor pago já era muito alto.

“Temos reajustes mensais, mas sigo a mesma tabela de preço desde setembro do ano passado porque reduzi minha margem de lucro. No mês que vem vou ter que repassar para os cliente algo entre 10% e 12%. Alguns concorrentes não conseguiram ‘segurar’ e mudaram o preço já por três vezes nesse intervalo de tempo”, esclarece.

Os clientes nem sempre entendem a dinâmica do negócio e o cenário econômico e, por isso, costumam reclamar dos preços. Para fechar vendas, Lucas diz que mostra a tabela de preços que ele cumpre com os fornecedores e explica o porquê do encarecimento. Na maioria das vezes funciona, inclusive o saldo tem sido positivo, de acordo com ele que, tem duas marcas de roupas masculina e feminina com sete lojas em Goiânia e cinco no sul do Brasil.