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Apesar de seca intensa, abastecimento de água de Goiânia ainda não está em alerta

Última atualização 12/07/2022 | 18:01

Apesar de dois meses sem chuva  e seca intensa no alto do rio Meia Ponte, a bacia que fornece água para a capital está mais abastecida do que no ano passado. Na tarde desta terça-feira, 12, no monitoramento indicado pelo painel de Segurança Hídrica do governo de Goiás a vazão era 9,2 mil litros por segundo, enquanto há exatamente um ano o indicador era de 6,7 mil litros por segundo.

O número positivo, no entanto, acende o alerta para medidas contra desperdício. É que a Região Metropolitana de Goiânia já está no nível de criticidade de fornecimento de água, considerada a partir de 12 mil litros de água por segundo. O gerente do Centro de Informações Meteorológicas e Hidrológicas de Goiás (Cimehgo) explica que a tendência de enfrentar a estiagem com menor ou nenhum risco de desabastecimento é resultado de ações conjuntas realizadas desde 2019.

 

“De qualquer forma, não podemos gastar água à vontade até porque estamos migrando do nível de atenção para alerta, quando a vazão fica abaixo dos 9 mil litros por segundo. A população deve se atentar ao uso racional da água. Se houver desperdício, todos teremos problemas”, afirma Amorim.

Seca intensa

Ele afirma que a seca está mais intensa, porém a queda acentuada e gradativa da umidade do ar é normal para o período, especialmente de agosto em diante. A situação começa a mudar no final de setembro com a chegada dos primeiros chuviscos que se tornarão mais intensos na segunda quinzena de outubro. Por enquanto, o risco de desabastecimento é descartado, mas a Saneago já avalia a captação de água em outras fontes, como no ribeirão Dourado e em uma bacia em Caldazinha.

A explicação para a intensidade da secura no estado envolve aspectos climáticos já esperados e as mudanças ocasionadas pelo aquecimento global. Segundo o professor do Instituto de Estudos Sócio Ambientais (IESA) da Universidade Federal de Goiás (UFG), João Batista de Deus, o desmatamento da Amazônia impacta diretamente a frequência de chuvas em solo. 

Menos árvores na floresta representam menos umidade em direção ao estado que, aliada à pouco vapor d’água vindo do mar e esbarrando na barreira natural da cordilheira dos Andes, tornam a estiagem mais rigorosa. João destaca as alterações espaciais e demográficas como pressões aos sistema de abastecimento.

“A tendência é estiagem mais intensa ao longo do tempo. Temos a questão do adensamento da população na região metropolitana de Goiânia e no entorno do Distrito Federal e aumento de atividades comerciais de empresas e indústrias demandando mais oferta de água. Essa combinação vai levar no futuro a crises mais profundas. A bacia de Caldazinha seria a solução a longo prazo como reservatório, mas não é algo simples por envolver governos municipais, estadual e federal”, frisa.