Mesmo com a comercialização proibida desde 2009 pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os cigarros eletrônicos ou vapers, para os mais íntimos, ganharam o gosto dos brasileiros. Ou melhor dizendo, a boca. Prova disso é que o consumo dos produtos apresentou um aumento significativo nos últimos quatro anos no Brasil, visto que são vendidos de forma ilegal.
Um levantamento recente do Inteligência em Pesquisa e Consultoria (Ipec) aponta que 2,2 milhões de adultos (1,4%) afirmaram ter consumido os dispositivos eletrônicos para fumar até 30 dias antes da pesquisa. No primeiro ano do levantamento feito pelo Ipec, 2018, o índice era de 0,3% entre a população, com menos de 500 mil consumidores.
A pesquisa aponta também que cerca de 6 milhões de adultos fumantes afirmam já ter experimentado cigarro eletrônico, o que representa 25% do total de fumantes de cigarros industrializados, um acréscimo de nove pontos percentuais em relação a 2019.
Riscos à saúde
Popularmente chamados de “vapers”, os vaporizadores ou produtos de tabaco aquecido não são produtos inofensivos ao organismo humano, apesar da premissa de que eles não contêm substâncias como monóxido de carbono, alcatrão, entre outros compostos provenientes da degradação e combustão do tabaco.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (Inca), estudos mostram que os níveis de toxicidade podem ser tão prejudiciais quanto os do cigarro tradicional, já que combinam substâncias tóxicas com outras que muitas vezes apenas mascaram os efeitos danosos. Dentre essas substâncias tóxicas, estão presentes metais pesados, como chumbo, ferro e níquel, de acordo com o Ministério da Saúde.
Uma outra ameaça é de uma condição relacionada especificamente aos dispositivos, uma doença pulmonar denominada Evali, que é a sigla em inglês para um problema conhecido como lesão pulmonar associada ao uso de produtos de cigarro eletrônico ou vaping.
De acordo com a Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), os sintomas respiratórios incluem tosse, dor torácica e falta de ar. Também são comuns sintomas gastrointestinais, como dor abdominal, náuseas, vômitos e diarreia e sintomas inespecíficos, como febre, calafrios e perda de peso.