Apicultura no Sertão dos Inhamuns: Mel, Florada e Desenvolvimento

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Sol, florada e mel fortalecem o desenvolvimento no Sertão dos Inhamuns

A força da apicultura no Sertão dos Inhamuns fortalece o desenvolvimento
territorial e gera valor ao produto que já conquistou acesso à novos mercados.

DE coração do semiárido cearense, o Sertão dos Inhamuns revela belas paisagens
de serras, veredas e horizontes amplos. Ali, onde a natureza desafia e inspira,
floresce uma atividade produtiva que se tornou símbolo de resistência, inovação
e identidade regional, a apicultura. Impulsionado pelo clima, pela flora nativa
e, sobretudo, pela força dos apicultores locais, o mel de aroeira da região
conquistou as prateleiras e o reconhecimento de mercados nacionais e
internacionais.

Esse movimento não aconteceu por acaso. Nos últimos anos, a atuação do Sebrae
Ceará, por meio do Escritório Regional dos Inhamuns, tem sido fundamental para
transformar desafios em resultados concretos. Trabalhando diretamente com cinco
associações municipais de apicultores nos municípios de Aiuaba, Arneiroz,
Parambu, Quiterianópolis e Tauá, o Sebrae já atende mais de 120 produtores,
promovendo capacitação, gestão e abertura de mercados.

“Temos um trabalho estruturado na cadeia produtiva do mel, desde o aumento da
produtividade até a conquista de certificações e inserção em mercados mais
exigentes. A apicultura é um dos principais ativos produtivos do Sertão dos
Inhamuns e um vetor estratégico para o desenvolvimento local”, afirma Gina Sena,
articuladora do Sebrae na região.

Embora a apicultura seja o carro-chefe, o Sertão dos Inhamuns também apresenta
potencialidades em outras frentes como a ovinocaprinocultura e a agricultura
familiar. O Sebrae atua de forma transversal para fortalecer essas vocações. Em
todos os municípios da região são ofertados programas de capacitação, acesso a
crédito, regularização e estratégias de comercialização.

As DELÍCIAS NATURAIS QUE GERAM OPORTUNIDADES PRODUTIVAS

A região dos Inhamuns guarda um patrimônio natural que favorece a atividade
apícola. A vegetação predominante de caatinga e o ciclo de florada da aroeira
oferecem condições ideais para a produção de um mel com características únicas.
E esse ouro da flora é motivo de orgulho e muitas conquistas. Depois de um longo
e árduo trabalho, recentemente, o mel da aroeira alcançou a certificação de
Indicação Geográfica de Procedência (IG) pelo Instituto Nacional da Propriedade
Industrial, INPI.

Esse selo agrega valor ao produto e atesta sua autenticidade, fortalecendo o
posicionamento do ‘Mel de Aroeira dos Inhamuns’ em mercados nacionais e
internacionais. Fruto direto do trabalho do Sebrae, o reconhecimento abre portas
e a caminhada agora é por uma conquista ainda maior: a certificação orgânica. E
os apicultores da região sobem, ano a ano, novos degraus. Há alguns anos
exportando seus produtos para o mercado da Suíça, agora eles buscam ampliar as
vendas para outros países da Europa e Estados Unidos.

“Inicialmente trabalhamos o aumento da produtividade e a qualidade do mel.
Depois avançamos para rotulagem, boas práticas nas casas de mel e agora estamos
incentivando novos produtos como o própolis. É um processo de amadurecimento
técnico e mercadológico”, explica Gina.

Há décadas o mel do Sertão dos Inhamuns carrega um modo de vida e um saber
coletivo. Com apoio técnico do Sebrae, os apicultores estão aprendendo a
enxergar o valor agregado que há em cada pote. Não só pelo sabor, mas,
principalmente, pela origem. Ao investir em boas práticas, certificações e
design de embalagem, o mel da região se transforma em ativo econômico de
prestígio e identidade. O futuro é doce e tem raízes profundas.

A VIRADA DE CHAVE EM AIUABA

Um exemplo emblemático vem da Associação dos Apicultores de Aiuaba. Quando o
Sebrae iniciou os atendimentos no município, encontrou uma entidade fragilizada
por conflitos internos e falta de organização. Com um trabalho focado em
resgatar o associativismo e organizar a produção, a associação vive hoje um novo
ciclo.

“A gente recebeu uma visita técnica do Sebrae para nos auxiliar numa
consultoria. Nós já estávamos buscando por isso, então nós abraçamos essa
oportunidade. Transformamos os desafios em novas conquistas e o Sebrae que nos
ajudou nessa virada de chave”, conta Cleide Fernandes, apicultora de Aiuaba.

Além de Aiuaba, a Associação dos Apicultores do Município de Tauá, APMUT, também
desponta como caso de sucesso. Com o apoio do Sebrae, a associação conquistou o
Selo de Inspeção Federal (SIF), modernizou sua agroindústria, implementou
protocolos sanitários e hoje já possui uma cooperativa para ampliar a
comercialização em novos mercados.

DESAFIOS QUE ESTÃO NA PONTA DA AGULHA DO SEBRAE

Mesmo com os avanços, a cadeia produtiva ainda enfrenta entraves que limitam sua
escalada. O maior deles está na regularização sanitária das casas de mel.
Atualmente, apenas dois dos cinco municípios atendidos contam com casas de mel
certificadas com o SIF. Em boa parte das localidades, o Selo de Inspeção
Municipal (SIM), sequer foi corretamente implementado. Sem esses selos o mel
precisa ser vendido a granel, em baldes de 25kg, o que reduz seu valor agregado
e restringe o acesso a mercados mais exigentes.

Para reverter esse cenário, o Sebrae desenvolveu um projeto estruturado que
inclui consultorias gerenciais e tecnológicas, seminários temáticos e ações
coletivas voltadas para regularização e comercialização. O objetivo é garantir
que mais apicultores possam fracionar, rotular e vender seus produtos de forma
competitiva e legalizada.

“Trabalhar o acesso ao mercado e à legalidade é garantir que o pequeno produtor
tenha as mesmas condições de crescimento. Nosso papel é gerar inclusão produtiva
com competitividade”, reforça a articuladora do Sebrae na região.

As Salas do Empreendedor em diversos municípios da região também dão o suporte
que os produtores, micro e pequenos empreendedores precisam. O ambiente foi
pensado estrategicamente para facilitar, desburocratizar, acelerar a abertura de
novas empresas, agilizar os atendimentos e processos, além de, orientar e
capacitar o empresário, proporcionando mais sustentabilidade e desenvolvimento
para o município.

Para quem ainda não participa dessas iniciativas, o caminho está aberto. O
produtor pode procurar o Escritório Regional do Sebrae, em Tauá, ou entrar em
contato com as associações de apicultores de seu município. A porta de entrada
para um novo ciclo está mais próxima do que se imagina. Acesse o site do Sebrae
e saiba como virar a chave do seu negócio.

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