Última atualização 14/04/2022 | 18:43
O ano de 2022 não tem sido tão bom para o mercado de seminovos. Os bons resultados acumulados durante o período mais crítico da pandemia se contrapõem aos registrados em janeiro em todo País pela Federação Nacional das Associações dos Revendedores de Veículos Automotores (Fenauto). Somente na região Centro-Oeste, a queda foi de 27,9%.
A procura passou a ser inversamente proporcional a de interessados em vender os automóveis. No segmento há 35 anos, a Wellington Veículos vivencia a mudança de cenário. Os números evidenciam o impacto de uma série de fatores que levaram as vendas a caírem pela metade. De acordo com o gerente da loja, Gustavo Monteiro, fechar negócio com os clientes está cada vez mais difícil.
“A gente vendia 25 carros por mês, em média, durante a pandemia, e baixou para 15 desde o início deste ano. Até a procura de pessoas querendo adquirir um veículo na loja caiu. Na época, eu conseguiria vender mais, mas não foi possível por falta de carro no pátio. A situação agora permite que eu selecione modelos mais interessantes. O que se manteve foram as ofertas para nós, na casa de 40 ao mês, comparando com antes da pandemia”, diz.
Ele explica que assinar contrato esbarra nos juros altos. O valor das parcelas assusta os compradores, que acabam desistindo de firmar compromisso a médio prazo. A maioria das pessoas atendidas por Gustavo também se assusta com os preços elevados. O gerente destaca que o Renault Kwid e o Fiat Mobi usados, considerados populares, por exemplo, custam por volta R$ 45 mil, enquanto um zero seria R$ 60 mil.
Apesar disso, o Ônix, Ford ka, Honda City e Argo seminovos – na faixa dos R$ 60 mil – sejam os mais procurados. Mais difícil ainda de ganhar as ruas são aqueles acima dos R$ 100 mil. A explicação para essa alteração brusca nesse mercado de segunda mão também se deve à retomada da oferta de carros zero quilômetro. Eles chegaram a ter fila de espera de interessados que aguardam até cinco meses para receberem o bem.
O diretor comercial Luis Henrique Gonçalves está pesquisando em revendedoras um carro após a venda do que tinha para fazer um investimento. Ele quer um seminovo com valor menor do que o antigo, porém desconfia que não será possível. “Os carros estão muito caros e muito mal conservados. Estou achando modelos mais antigos. Não o que eu queria, mas o que tem para o momento. Vou encarar pela necessidade”, acredita.
No caso dos zero quilômetro, a alta deve permanecer. Projeções da Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores (Anfavea) sugerem que os preços serão os mesmos do ano passado, quando subiram 15%. O custo seria justificado pela inflação, taxa selic e carga tributária elevadas, correspondendo a metade do preço de carros no Brasil.