Após morte de soldado, Ucrânia decreta estado de emergência e recruta reservistas

Após um soldado ser morto e seis ficarem feridos em um bombardeio feito por separatistas pró-Rússia, o governo da Ucrânia adotou uma série de medidas de proteção contra a guerra nesta quarta-feira (23), desde convocar reservistas, até pedir a cidadãos do país para deixarem a Rússia imediatamente. Em comunicado, as autoridades relataram que, no entanto, as medidas buscam somente manter a calma no país e proteger a economia.

Um Estado de Emergência Nacional de 30 dias também foi introduzido no país, podendo ser prorrogável por mais 30 dias, onde serão aplicadas restrições especiais, disse Oleksiy Danilov, principal autoridade do setor, após reunião do Conselho de Segurança. O Parlamento precisa ainda votar para aprovar a decisão.

”Dependendo das ameaças que possam surgir em determinados territórios, haverá um estado de emergência mais forte ou mais fraco. Estamos falando de áreas fronteiriças, onde temos fronteira com a Federação Russa, com a Bielorrússia” disse Danilov.

Danilov reiterou que a Ucrânia ainda não estava decretando uma mobilização geral, e nem tampouco impondo lei marcial. A lei marcial impõe restrições mais duras, que poderiam incluir proibições de reuniões, movimentos e partidos políticos. A medida já é pedida por alguns parlamentares.

Nesta terça (22), o Senado russo aprovou o envio de militares a duas regiões separatistas no Leste da Ucrânia, mas Putin disse que ainda não sabe quando e se vai enviá-los.

Saída de ucranianos da Rússia

Além do Estado de Emergência, o governo ucraniano ainda pediu para que seus cidadãos não visitem a Rússia, e alertou para que ucranianos deixem o país vizinho imediatamente. Em comunicado, o ministério das Relações Exteriores afirmou que ignorar essas recomendações ”complicará significativamente” a proteção adequada de ucranianos em território russo.

Países como Portugal, Brasil, Estados Unidos, Canadá, Reino Unido, Noruega, Dinamarca, Bélgica, Países Baixos, Alemanha, Espanha, Israel, Austrália, Nova Zelândia, Japão, Iraque, Kuwait e Itália já pediram aos seus cidadãos que deixem a Ucrânia. Na terça-feira, Moscou pediu a seus diplomatas para deixarem o país vizinho.

Um decreto também foi feito pelo presidente Volodymyr Zelenskiy, direcionado às Forças Armadas da Ucrânia, que informaram o recrutamento de reservistas com idades entre 18 e 60 anos. O país já tem quase 200 mil deles, além de 250 mil militares na ativa nas Forças Armadas.

”Armas” e garantia de apoio da União Europeia também foram pedidas pelo presidente, que mencionou a possibilidade de romper relações diplomáticas com Moscou. Uma lei também é avaliada pelo Parlamento da Ucrânia para permitir o porte de arma de fogo por civis.

 

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp

Tribunal Penal Internacional emite mandado de prisão contra Netanyahu e líder do Hamas por crimes de guerra

O Tribunal Penal Internacional (TPI) emitiu, nesta quinta-feira, 21, mandados de prisão internacional para o primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, o ex-ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, e o líder do Hamas, Mohammed Deif, por supostos crimes de guerra e contra a humanidade.
 
Os mandados foram expedidos após o procurador do TPI, Karim Khan, ter solicitado a prisão deles em maio, citando crimes relacionados aos ataques do Hamas a Israel em 7 de outubro de 2023 e à resposta militar israelense em Gaza. O TPI afirmou ter encontrado “motivos razoáveis” para acreditar que Netanyahu e Gallant têm responsabilidade criminal por crimes de guerra, incluindo a “fome como método de guerra” e os “crimes contra a humanidade de assassinato, perseguição e outros atos desumanos”.
 
Netanyahu e Gallant são acusados de terem privado intencionalmente a população civil de Gaza de bens essenciais à sua sobrevivência, como alimentos, água, medicamentos, combustível e eletricidade, entre outubro de 2023 e maio de 2024. Essas ações resultaram em consequências graves, incluindo a morte de civis, especialmente crianças, devido à desnutrição e desidratação.
 
Mohammed Deif, líder militar do Hamas, também foi alvo de um mandado de prisão. O TPI encontrou “motivos razoáveis” para acreditar que Deif é responsável por “crimes contra a humanidade, incluindo assassinato, extermínio, tortura, estupro e outras formas de violência sexual, bem como crimes de guerra de assassinato, tratamento cruel, tortura, tomada de reféns, ultrajes à dignidade pessoal, estupro e outras formas de violência sexual”.
 
Os mandados de prisão foram emitidos para todos os 124 países signatários do TPI, incluindo o Brasil, o que significa que os governos desses países se comprometem a cumprir a sentença e prender qualquer um dos condenados caso eles entrem em territórios nacionais.
O governo israelense rejeitou a decisão do TPI, questionando a jurisdição do tribunal sobre o caso. No entanto, os juízes rejeitaram o recurso por unanimidade e emitiram os mandados. O gabinete de Netanyahu classificou a sentença de “antissemita” e “mentiras absurdas”, enquanto o líder da oposição, Yair Lapid, a chamou de “uma recompensa ao terrorismo”. O ex-primeiro-ministro israelense Naftali Bennett também criticou a decisão, considerando-a uma “vergonha” para o TPI.
O conflito na Faixa de Gaza, que se arrasta há mais de um ano, deixou milhares de mortos e devastou a região. A decisão do TPI simboliza um avanço na responsabilização por crimes graves, embora sua eficácia prática seja limitada, dado que Israel e os Estados Unidos não são membros do TPI e não reconhecem sua jurisdição.

Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram do Diário do Estado e no canal do Diário do Estado no WhatsApp