Após repercussão de áudio, secretário de Saúde de Luziânia deixa o cargo

O secretário de Saúde de Luziânia, Divonei Oliveira de Sousa, entregou o cargo, após a repercussão de um áudio em que ele diz para uma servidora que é ele quem decide a ordem da fila de cirurgias no município. A renuncia foi comunicada por meio de nota nesta quarta-feira, 1º. O caso é investigado pelo Ministério Público do Estado de Goiás (MP-GO).

No texto, o agora ex-secretário afirma que durante a gestão dele “nunca houve nada de errado no tocante à regulação de cirurgias”. Já em relação ao áudio vazado, ele afirma que ocorreu um “excesso verbal dentro de uma discussão acalorada com uma servidora” que foi tirada do contexto.

Ainda segundo Divonei, a decisão de entregar o cargo foi para não “gerar nenhum tipo de constrangimento ao prefeito” do município, Diego Sorgatto. Entretanto, o MP disse que vai investigar uma “possível ingerência do prefeito e parlamentares na lista de espera de procedimentos cirúrgicos.”

Além disso, o MP vai requisitar à direção do Hospital do Jardim Ingá cópias de documentos, agendas, prontuários, relacionados à listagem de todos os pacientes que já realizaram cirurgias, assim como daqueles que ainda aguardam procedimento cirúrgico e atendimento médico.

As cópias do inquérito foram encaminhadas para a 1ª Promotoria de Luziânia, 7ª PJ e 8ª PJ para serem tomadas as devidas providências, já que são promotorias criminais e de atuação na saúde. Agora, o processo deve seguir sob sigilo.

Entenda o caso:

Uma servidora inconformada com a atitude do agora ex-secretário de Saúde de Luziânia, Divonei Oliveira Souza, gravou um áudio em que ele diz que é ele quem decide a ordem da fila de cirurgias no município.

“Se tem dez cirurgias de vesícula, eu faço oito e duas eu faço de acordo com o processo. Isso faz parte do jogo”, disse o secretário, em um trecho do áudio.

A gravação foi vazada nas redes sociais na semana passada e passou a ser investigada pelo MP-GO na segunda-feira (30). A servidora, que gravou o áudio, durante uma reunião com o secretário e a diretora do Hospital Municipal do Jardim Ingá, Enilda Meireles, foi afastada das funções por discordar da atitude de ambos.

“Você não vai ficar mais na marcação de consulta. Quem define sou eu. Se você não está concordando, isso não é problema meu”, disse Divonei no áudio.

A funcionária pública era responsável pela gestão da agenda das cirurgias e consultas do município. Segundo o advogado da servidora, ela passou a sofrer retaliações por discordar das ordens do secretário e da diretora do hospital.

Nota do ex-secretário

“Em função dos últimos fatos relacionados à secretaria de saúde, gostaria de esclarecer alguns pontos à população de Luziânia.

1) Durante minha gestão à frente da secretaria de saúde, nunca houve nada de errado no tocante à regulação de cirurgias ou em nenhuma outra área. Até pelo compromisso que tenho com Deus, com minha família, com a população de Luziânia e com o prefeito, que é uma pessoa séria e honrada, sempre agi da forma mais correta possível.

2) Em relação aos áudios divulgados: o que ocorreu foi um excesso verbal dentro de uma discussão acalorada com uma servidora que, tirada do contexto, pode sugerir interpretações equivocadas. Mas que não configura, em nenhum momento, erro ou irregularidade de minha parte ou por parte da secretaria de saúde.

Apesar disso, para não gerar nenhum tipo de constrangimento ao prefeito Diego Sorgatto, por quem tenho o maior respeito e admiração por seu histórico de vida e trabalhos realizados em prol da população, e para que não surja nenhum tipo de ilação sobre possível interferência de minha parte na sindicância que está sendo aberta para apurar os fatos, resolvi entregar o cargo e me desligar da secretaria até que as apurações sejam concluídas. Decisão esta que já comuniquei ao prefeito de Luziânia.

Por fim, quero agradecer todas as manifestações de apoio que recebi nesses últimos dias e reafirmar que, durante todo o período que estive à frente da secretaria de saúde, me dediquei para realizar o melhor trabalho possível, que tem configurado uma melhoria visível no atendimento da saúde em Luziânia e no Distrito do Jardim Ingá”.

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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