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Após surto de Zika, rede pública de ensino conta com cerca de 150 crianças com microcefalia

Última atualização 06/05/2022 | 17:44

Cerca de 150 crianças com microcefalia, uma malformação congênita (ocorrida durante a gestação), em que o cérebro não se desenvolve de maneira adequada, estudam na rede pública de ensino em Goiás, sendo 80 em escolas estaduais e 68 escolas municipais na capital. Muitas delas, por terem contraído o vírus da zika.

O número tende a ser maior, com o ensino sendo oferecido também em escolas públicas de outros municípios e na rede particular. A maioria das crianças matriculadas nasceu entre o final de 2015 e o ano de 2016, quando foi declarada emergência pública em saúde no país por causa do aumento da ocorrência de casos de microcefalia e sua relação com o zika vírus.

De acordo com a Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), a associação entre vírus zika e microcefalia foi confirmada em novembro de 2015, com a detecção do vírus zika, primeiro no líquido amniótico e no cordão umbilical e, depois, em amostras de sangue e tecidos dos bebês. Os estudos determinantes para confirmar essa associação foram conduzidos por especialistas da Fiocruz e do Instituto Evandro Chagas.

As crianças que nasceram com microcefalia em Goiás na época recebem atendimento integral de saúde no Centro Estadual de Reabilitação e Readaptação Dr. Henrique Santillo – CRER, uma unidade da Secretaria Estadual de Saúde de Goiás, onde são feitos os trabalho de reabilitação das quatro deficiências: física, auditiva, visual e intelectual. Somado a síndromes como autismo e microcefalia também participam, inclusive, de Grupos de Leitura e Escrita na unidade semanalmente.

A rede estadual de ensino oferece um Atendimento Educacional Especializado (AEE) em 316 salas de recurso multifuncional em todo o estado. O objetivo do AEE é complementar a formação dos estudantes com deficiência, por meio de recursos didáticos acessíveis, e apoiar os alunos de acordo com suas necessidades individuais. De acordo com a assessoria da Secretaria de Estado de Educação, atualmente estão matriculadas 80 crianças com microcefalia na rede pública estadual de ensino, tanto em escolas regulares quando em escolas especiais, dependendo do grau de comprometimento. Em sala de aula, os alunos são acompanhados por profissionais de apoio, que os auxiliam tanto pedagogicamente quanto na locomoção e coordenação motora dentro da escola.

Em Goiânia, a Secretaria Municipal de Educação, atende a 69 crianças com microcefalia, todas avaliadas por equipes multidisciplinares da SME Goiânia. “A partir desse acompanhamento, a Gerência de Inclusão, Diversidade e Cidadania define se as crianças serão matriculadas nas unidades da rede ou se precisam de atendimento especializado, através das unidades especializadas conveniadas”, informa a secretaria.

Apesar deste acompanhamento multidisciplinar e de apoio às crianças com microcefalia, nem todas as mães se sentem seguras em levar os filhos para a escola. É o que revela Rochelle dos Santos, mãe de Hickelly, de 5 anos. A filha dela frequenta escola desde os 11 meses de vida. Rochelle faz parte da Associação Microcefalia, que reúne familiares de crianças que nasceram com a malformação e que buscam direitos para o pleno desenvolvimento de seus filhos. Ela contou que há uma dificuldade em conseguir cuidadores para as crianças, motivo pelo qual, muitas vezes a criança fica em casa, aos cuidados de familiares ou de terceiros, enquanto os pais estão trabalhando. Ela não soube informar o número de crianças nesta situação.

Aumento no número de casos no Brasil

O Ministério da Saúde revelou um aumento de 53, 9% no número de casos de Zika Vírus no país em relação ao mesmo período do ano passado, com 2.118 casos prováveis até o dia 14 de abril. A taxa de incidência ficou em 0,99 por 100 mil habitantes no país. Até a semana analisada, não foi notificada nenhuma morte pela doença no país. O aumento preocupa as autoridades, uma vez que no final de 2015 e início de 2016 houve uma epidemia de zika no Brasil, quando ocorreu um número alto de casos de zika congênita e o nascimento de crianças com microcefalia.

Em novembro de 2015, por causa do aumento da ocorrência de casos de microcefalia, o Brasil declarou situação de emergência em saúde pública. Vale lembrar que o mesmo mosquito que transmite a zika, o Aedes aegypti, é o transmissor da dengue.

Este ano, o país passa por uma epidemia, sendo que Goiânia é a cidade com o maior índice de doentes e de transmissão no país. Ações de combate ao mosquito foram intensificadas, mas a colaboração de toda a população é necessária para a diminuição dos casos de dengue, zika e chicungunya.

Segundo o Ministério da Saúde, cerca de 80% das pessoas infectadas pelo vírus Zika não desenvolvem manifestações clínicas. Os principais sintomas são dor de cabeça, febre baixa, dores leves nas articulações, manchas vermelhas na pele, coceira e vermelhidão nos olhos. Outros sintomas menos frequentes são inchaço no corpo, dor de garganta, tosse e vômitos. Em geral, a evolução da doença é benigna e os sintomas desaparecem espontaneamente após 3 a 7 dias.