“Aposentado”, Milton Leite prepara dinastia: “Cada um toca um pedaço”
Vereador Milton Leite se aposenta neste ano, mas admite que espólio político
será distribuído entre 2 apadrinhados na Câmara e seus 2 filhos
São Paulo – Após sete mandatos consecutivos e 28 anos como vereador, Milton
Leite
(União Brasil) vai se aposentar da Câmara Municipal
ao fim deste ano. Na prática, admite que seu
espólio político vai ser dividido entre dois apadrinhados que conseguiu eleger:
“Cortou [o Milton Leite] no meio”, brinca.
A pouco menos de um mês do fim de seu mandato, Leite recebeu a reportagem do
Metrópoles em seu gabinete na Câmara para fazer um balanço de sua trajetória,
analisar o cenário político do país e falar sobre seu futuro. Presidente
municipal do União, ele prepara o terreno para que os filhos – o deputado
federal Alexandre Leite e o deputado estadual Milton Leite Filho – o sucedam no
comando partidário. Depois, afirma, largará a política de vez.
Na Câmara, o legado dele foi distribuído entre Silvão e Silvinho Leite,
que trabalharam para o vereador na Câmara e na subprefeitura do M’Boi Mirim,
reduto de Milton. Para eles, o cacique transferiu votos do extremo sul da
cidade, seu reduto eleitoral, R$ 7 milhões em verbas de campanha e o direito ao
uso do poderoso sobrenome, mesmo sem parentesco de sangue: “Eles estão no seio
da família Leite”, alega.
Leite rechaça a possibilidade de aceitar cargos na gestão Ricardo Nunes, seu aliado, e diz que só
vai socorrer o prefeito se for acionado. O mesmo se aplica aos seus pupilos na
Câmara: “Não vou interferir”.
O cacique também pede “coragem” a Nunes para implementar a tarifa zero nos
ônibus e nega qualquer envolvimento em supostos esquemas do crime organizado com
empresas de transporte, que estão na mira do Ministério Público. “Não conheço o PCC”, diz. Também diz
que não enriqueceu com a política, mas sim que perdeu dinheiro.
Ao longo de sua trajetória política, Milton Leite se dedicou a melhorias na zona sul da cidade, com investimentos em infraestrutura, saúde e educação. Ele destaca feitos como a construção do Hospital do M’Boi Mirim e obras viárias importantes. No entanto, reconhece que ainda há desafios a enfrentar para garantir mais qualidade de vida nas regiões mais carentes.
Apesar de seu afastamento da Câmara e da política partidária, Milton Leite pretende manter-se ativo em seus negócios, como sua construtora, e continuar colaborando pontualmente com questões políticas quando solicitado. Seu legado político será agora dividido entre seus herdeiros e aliados próximos, que seguem os passos do cacique político de São Paulo.
Milton Leite encerra sua carreira política com um olhar para o futuro, apoiando a próxima geração de líderes e dedicando-se a novos projetos fora da esfera pública. Sua saída marca o fim de uma era na política da cidade, ao passo que ele se prepara para novos desafios e empreendimentos em sua vida pós-política.