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Apreensão de cigarros eletrônicos aumenta 600% em 2022

Última atualização 24/02/2022 | 11:15

Levantamento da Receita Federal e da Polícia Rodoviária Federal (PRF) aponta crescimento de mais de 600% no volume de cargas de cigarros eletrônicos contrabandeados, que foram apreendidos em Goiás. A porcentagem leva em consideração a soma dos dois anos anteriores. Para se ter ideia da escalada, o total recuperado somente em janeiro de 2022 já ultrapassa aquele registrado durante os 12 meses de 2020.

O cigarro eletrônico é produzido na China, de onde é exportado para o Paraguai. Ele entra no Brasil pelos estados de fronteira, Paraná e Mato Grosso do Sul. Para a polícia, o aumento nas apreensões indica maior comercialização e uso mais intenso do produto no país. No entanto, eles são autorizados pela Agência de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Diferente do que muitos pensam, o cigarro eletrônico não é inofensivo. Ele está associado a problemas de saúde e à dependência química. De acordo com a médica pneumologista, Fernanda Miranda, o uso pode ser ainda mais nocivo do que o do cigarro convencional.

“O cigarro eletrônico nada mais é do que um outro dispositivo para que as pessoas usem a nicotina e outras substâncias. Vale ressaltar que a nicotina é uma droga que tem alto poder de vício. Então, a utilização de cigarros eletrônicos pode levar à dependência ou à codependência química”, ressalta a médica.

Doenças

Apesar de parecer inofensivo, os cigarros eletrônicos liberam substâncias tóxicas, que podem causar graves doenças.

“Estima-se que as baterias usadas para que este dispositivo funcione, também liberem substâncias tóxicas durante a inalação. A ciência já tem bem documentado, injúria pulmonar e lesão pulmonar grave associada ao uso dos cigarros eletrônicos. Essa doença se chama EVALI – Injúria Aguda Pulmonar Causada pela Vaporização. É uma doença grave. Então, a dependência química, a nicotina e a inalação de substâncias químicas são o suficiente para nós afirmarmos que cigarros eletrônicos são nocivos à saúde. E aparentemente tão nocivo quanto o cigarro convencional”, explicou Fernanda.

Ainda de acordo com a médica, o aumento da comercialização dos cigarros eletrônicos pode estar relacionado ao público jovem, que associa o dispositivo ao status social, “uma forma de apresentar para a sociedade como algo moderno, tecnológico”. Mas isso é apenas uma articulação da indústria do tabaco. Quando ela viu que estava perdendo com o cigarro comum, com as limitações e restrições em locais fechados, ela logo tratou de inventar uma nova forma de continuar entregando a nicotina”, concluiu a especialista.