Aprovado pela CCJ proposta que criminaliza importunação sexual

Caso a proposta seja aprovada também pelo plenário da Casa, essa prática passará a ser enquadrada na nova norma

A Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado aprovou hoje (20) a proposta que aumenta a pena em caso de estupro coletivo e tornam crimes a importunação sexual e a divulgação de cena de estupro. O texto é um substitutivo da Câmara dos Deputados (SCD 2/2018) a um projeto de lei (PLS 618/2015) da senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM).

Pela proposta, com a tipificação dos crimes de divulgação de cena de estupro e de importunação sexual, as penas poderão variar de um a cinco anos de prisão. No relatório, Humberto Costa (PT-PE) cita episódios ocorridos no transporte público brasileiro em que homens ejacularam em mulheres e o comportamento de outros criminosos que se aproveitam da aglomeração de pessoas no interior de ônibus e metrôs “para esfregar seus órgãos sexuais nas vítimas”. Atualmente, esse comportamento é classificado de contravenção penal, punido somente com multa, mas caso a proposta seja aprovada também pelo plenário da Casa, essa prática passará a ser enquadrada na nova norma.

Estupro coletivo

A proposta também agrava penas para o crime de estupro, atualmente com pena prevista de seis a 10 anos de prisão. Ainda pela legislação atual, nos casos em que o estupro é cometido por duas ou mais pessoas, a pena aumenta em um quarto. De acordo com o novo texto em discussão, nesses casos, a pena será aumentada de um terço a dois terços. Se o crime for cometido em local público ou transporte público ou se o ato ocorrer durante a noite, em lugar ermo, com emprego de arma ou qualquer meio que dificulte a defesa da vítima, a pena também será aumentada em um terço.

Divulgação de cena de estupro

A divulgação de cena de estupro ou de imagens de sexo, sem que haja consentimento da pessoa atingida, também passa a ser tipificada. Será punida com pena de um a cinco anos de prisão a pessoa que divulgar, publicar, oferecer, trocar ou vender fotografia ou vídeo que contenha cena de estupro ou estupro de vulnerável. Segundo a proposta, também estarão sujeitos à mesma sanção, aqueles que divulgarem cena de sexo ou nudez sem o consentimento da vítima e os que disseminarem mensagem que induza ou traga apologia ao estupro. Em situações em que o crime seja praticado por pessoa que mantém ou tenha mantido relação íntima afetiva com a vítima, como namorado, namorada, marido ou esposa, a pena é agravada em dois terços.

O texto, contudo, desconsidera a ocorrência de crime quando a situação seja divulgada em publicação jornalística, científica, cultural ou acadêmica preservando a identidade da vítima, que deve, no entanto, ter mais de 18 anos e autorizar previamente a veiculação.

O substitutivo aprovado também prevê que as penas fixadas para o crime de estupro de vulnerável sejam aplicadas independentemente do consentimento da vítima para o ato sexual ou do fato de ela já ter mantido relações sexuais anteriormente.

A proposta cria ainda os tipos penais de “induzimento ou instigação a crime contra a dignidade sexual” e “incitação ou apologia de crime contra a dignidade sexual”, ambos com pena de um a três anos de detenção. Admite, também, hipótese de aumento de pena nos crimes contra a dignidade sexual se a vítima engravidar (metade a dois terços); contrair doença sexualmente transmissível, for idosa ou pessoa com deficiência (um a dois terços).

(informações Agência Brasil)

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PF indiciou mais três militares por participação em trama golpista; confira quem são

Bolsonaro e Militares Indiciados em Trama Golpista

A Polícia Federal (PF) indiciou na quarta-feira, 11, mais três militares no inquérito que investiga o plano de golpe de Estado para manter o ex-presidente Jair Bolsonaro no poder. Esses novos indiciados se juntam aos 37 já identificados anteriormente, incluindo o próprio Bolsonaro e o ex-ministro da Defesa, general Walter Souza Braga Netto.

Os novos indiciados são Aparecido Andrade Portela, militar da reserva e suplente da senadora Tereza Cristina do PL; Reginaldo Vieira de Abreu, coronel do Exército e ex-chefe de gabinete do secretário-executivo da Secretaria-Geral da Presidência, general Mário Fernandes; e Rodrigo Bezerra Azevedo, tenente-coronel preso na operação que investiga a tentativa de assassinato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes.

Aparecido Andrade Portela fazia a ligação entre o governo de Jair Bolsonaro e financiadores de manifestações antidemocráticas. Ele visitou o Palácio da Alvorada pelo menos 13 vezes em dezembro de 2022. Reginaldo Vieira de Abreu foi acusado de disseminar informações falsas sobre o sistema eleitoral e imprimiu no Palácio do Planalto um documento que seria utilizado para assessorar Bolsonaro após a concretização do golpe.

O plano golpista, segundo a PF, envolvia a organização de uma trama para matar o presidente Lula, o vice-presidente Geraldo Alckmin e o ministro Alexandre de Moraes, com o objetivo de dar um golpe de Estado e manter Bolsonaro na Presidência. A investigação revelou que a organização, formada por quatro militares de alta patente e um policial federal, cogitou envenenar Lula e Moraes, além de considerar o uso de artefatos explosivos.

O relatório da PF concluiu que Bolsonaro tinha ‘pleno conhecimento’ do plano golpista, com base em mensagens do tenente-coronel Mauro Cid, que era ajudante de ordens de Bolsonaro à época. Cid afirmou que o então presidente estava sendo ‘pressionado’ por deputados e empresários do agronegócio para dar um golpe.

Os indiciamentos serão analisados pelo procurador-geral da República, Paulo Gonet, que deve apresentar as denúncias ao STF até fevereiro de 2025. Os envolvidos foram indiciados por organização criminosa, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e golpe de Estado.

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