Homem arremessado de ponte por PM durante abordagem presta depoimento na
delegacia em SP
Caso foi registrado no último domingo (1º) na Vila Clara, Zona Sul de SP.
Soldado Luan Felipe Alves Pereira foi levado para presídio militar; inquérito
aponta lesão corporal e violência arbitrária, crimes previstos no Código Penal
Militar.
Justiça Militar decreta a prisão de PM flagrado jogando motociclista de cima da
ponte, em SP [https://s02.video.glbimg.com/x240/13159569.jpg]
Justiça Militar decreta a prisão de PM flagrado jogando motociclista de cima da
ponte, em SP
O jovem que foi arremessado de uma ponte por um policial militar na Zona Sul de
São Paulo, no último domingo (1°)
[https://de.de/de/sao-paulo/noticia/2024/12/02/pm-e-flagrado-jogando-homem-em-rio-em-carapicuiba-na-grande-sp.ghtml],
presta depoimento na delegacia nesta sexta-feira (6).
A vítima se chama Marcelo, tem 25 anos e trabalha como entregador. Durante a
abordagem, ele caiu de cabeça de uma altura de três metros, teve ferimentos e
recebeu ajuda de pessoas que moram na região.
O depoimento ocorre na delegacia do Corpo Especial de Repressão ao Crime
Organizado (CERCO) da Seccional.
Nesta quinta-feira (5), a Justiça Militar decretou a prisão do policial. O
soldado já estava detido na Corregedoria da Polícia Militar, onde prestou
depoimento sobre a sua conduta.
Segundo informações do inquérito militar, ele disse que pretendia jogar o homem
no chão. As imagens gravadas por uma testemunha mostram o momento em que ele
ergue e atira o homem da ponte (veja mais acima).
Com a prisão decretada, Luan Felipe foi encaminhado para o Presídio Militar
Romão Gomes, na Zona Norte de São Paulo
[https://de.de/de/de/cidade/sao-paulo/].
1 de 2 PM que arremessou homem de ponte é soldado Luan Felipe Alves Pereira —
Foto: Reprodução
PM que arremessou homem de ponte é soldado Luan Felipe Alves Pereira — Foto:
Reprodução
Em audiência de custódia ocorrida na tarde desta quinta, a defesa do soldado
pediu a revogação da prisão preventiva, com a adoção de medidas cautelares, mas
a solicitação foi negada.
O inquérito aponta os possíveis crimes de lesão corporal e violência arbitrária,
previstos no Código Penal Militar. A TV Globo tenta contato com a defesa do PM.
O QUE DIZ O GOVERNADOR
Nesta quinta-feira (5), com a repercussão desse e de outros casos recentes de
violência policial em SP, o governador Tarcísio de Freitas
[https://de.de/de/politica/politico/tarcisio-de-freitas/] (Republicanos
[https://de.de/de/partido/republicanos/]) admitiu que “alguma coisa
não está funcionando” e passou a defender o uso de câmeras corporais nas fardas
dos policiais militares
[https://de.de/de/de/sao-paulo/noticia/2024/12/05/apos-casos-de-violencia-da-pm-tarcisio-diz-que-algo-nao-esta-funcionando-e-passa-a-defender-camera-na-farda-de-policiais-tinha-visao-equivocada.ghtml].
Segundo ele, essa é uma medida que protege os cidadãos e os policiais. O
governador afirmou que vai ampliar o programa de câmeras.
“Eu era uma pessoa que estava completamente errada nessa questão. Tinha visão
equivocada, fruto da experiência pretérita que tive. Não tem nada a ver com a
questão da segurança pública. Hoje estou completamente convencido de que é um
instrumento de proteção da sociedade e do policial. E nós vamos não apenas
manter, mas ampliar o programa. E tentar trazer o que tem de melhor em termos de
tecnologia.”
Tarcísio afirmou que os abusos da polícia não serão tolerados. “O discurso de
segurança jurídica que a gente precisa dar para os agentes de segurança
combaterem o crime de forma firme não pode ser confundido com salvo conduto para
fazer qualquer coisa e descumprir regra. Isso a gente não vai tolerar.”
A Secretaria de Segurança Pública disse que a PM não compactua com desvios de
conduta e que qualquer ocorrência envolvendo excessos será investigada.
CENAS CHOCANTES
PM joga homem de ponte após abordagem em SP
[https://s02.video.glbimg.com/x240/13152557.jpg]
PM joga homem de ponte após abordagem em SP
O caso do homem atirado da ponte aconteceu na Vila Clara, região de Cidade
Ademar, durante a dispersão de um baile funk. O soldado foi filmado lançando o
rapaz da ponte sem nenhum motivo ou resistência aparente.
O pai da vítima falou ao Jornal Nacional, criticou a conduta do PM e cobrou
explicações das autoridades.
> “É inadmissível, não existe isso aí. A polícia está aí para fazer a defesa da
> população, não fazer o que fez. Trabalhador, menino que sempre correu atrás do
> que é dele. Não tem envolvimento, passagem [pela polícia], não tem nada.
> Queria a explicação desse policial e o porquê ele fez isso”, afirmou.
PM que arremessou jovem de ponte em SP é preso
[https://s04.video.glbimg.com/x240/13159875.jpg]
PM que arremessou jovem de ponte em SP é preso
A Corregedoria da PM determinou o afastamento de treze policiais que
participaram da operação na Vila Clara. O Ministério Público abriu uma
investigação.
Na quarta (4), quando foi questionado sobre a gestão de seu secretário de
Segurança Pública, Tarcísio de Freitas defendeu Guilherme Derrite: “Olha os
números que você vai ver que está [fazendo um bom trabalho]”, disse o
governador. Diante da insistência dos jornalistas, repetiu: “Olha as
estatísticas”. Tarcísio não explicou, porém, quais seriam esses dados.
2 de 2 O secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite (PL), atrás do
governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). — Foto: Rogério
Cassimiro/Secom/GESP
O secretário da Segurança Pública de SP, Guilherme Derrite (PL), atrás do
governador Tarcísio de Freitas (Republicanos). — Foto: Rogério
Cassimiro/Secom/GESP
HISTÓRICO DO PM
O soldado da Polícia Militar que arremessou o entregador já foi indiciado por
homicídio por matar um homem com 12 tiros em Diadema, na Grande São Paulo, no
ano passado.
Segundo a TV Globo apurou, o caso foi arquivado em janeiro porque o Ministério
Público entendeu que houve legítima defesa. O juiz, então, aceitou o pedido.
Luan trabalha na Rondas Ostensivas com Apoio de Moto (Rocam), no 24º Batalhão de
Polícia de Diadema.
PEDIDO DE PRISÃO
O pedido de prisão de Luan tem seis páginas e foi assinado pelo capitão Manoel
Flavio de Carvalho Barros, encarregado do inquérito.
No documento, o oficial narra o início da ocorrência, com a perseguição a
motociclistas. Em seguida, destaca cinco fotos feitas a partir de câmeras de
segurança, que mostram a parte final da ação, quando o homem é jogado da ponte.
O encarregado do inquérito diz que, ao ser questionado sobre a cena, o soldado
se reconhece e diz que “a projeção seria realizada ao solo”, ou seja, que o
objetivo era jogar o homem no chão.
No parágrafo seguinte, o responsável pelo inquérito se dirige diretamente ao
juiz: “Excelência, não há como acolher as declarações apresentadas pelo
investigado, pois as imagens largamente difundidas e materializadas no presente
feito demonstram conduta errante e inaceitável a quem deveria proteger a
integridade de outrem e fazer cumprir a lei”.