Ararinhas-azuis repatriadas da Alemanha são transferidas para Curaçá, BA: progresso na conservação da espécie em extinção.

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Ararinhas-azuis trazidas da Alemanha encerram quarentena e são transferidas para Curaçá, BA

Dos 41 indivíduos da espécie que é extinta na natureza, 10 estão mais aptas e vão direto para recinto de soltura. As demais serão pareadas para reprodução.

1 de 4 41 ararinhas-azuis foram repatriadas da Alemanha para o Brasil no dia 28 de janeiro de 2025 — Foto: BLUESKY/Divulgação

41 ararinhas-azuis foram repatriadas da Alemanha para o Brasil no dia 28 de janeiro de 2025 — Foto: BLUESKY/Divulgação

Após décadas de extinção na natureza, a ararinha-azul (Cyanopsitta spixii) está mais próxima de retornar ao seu lugar. Um novo grupo de 41 indivíduos, trazidos da Alemanha no final de janeiro de 2025, concluiu a quarentena sanitária e foi transferido para o Centro Científico para Fins Conservacionistas do Projeto Reintrodução, em Curaçá (BA).

O processo representa mais um avanço na luta pela conservação da espécie, considerada símbolo do combate à extinção. A ararinha-azul desapareceu da natureza no ano 2000 devido à caça ilegal e à destruição de seu habitat.

No entanto, desde 2020, esforços internacionais vêm possibilitando sua reintrodução. Naquele ano, 52 aves foram repatriadas da Alemanha ao Brasil e transferidas para uma área protegida na Bahia, criada especialmente para esse objetivo. Agora, com a chegada de mais 41 ararinhas, a expectativa é fortalecer ainda mais a população em vida livre.

O período de quarentena, realizado no Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), em Petrolina, foi rigorosamente monitorado por especialistas. As aves passaram por exames laboratoriais e avaliações veterinárias para garantir que estivessem saudáveis antes da transferência.

2 de 4 Período de quarentena, realizado no Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), em Petrolina, contou com exames laboratoriais e avaliações veterinárias — Foto: BLUESKY/Divulgação

Período de quarentena, realizado no Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IF Sertão-PE), em Petrolina, contou com exames laboratoriais e avaliações veterinárias — Foto: BLUESKY/Divulgação

A quarentena, que dura entre 21 e 28 dias, é a etapa mais importante do processo de importação, pois é nesse período que as aves são avaliadas clinicamente quanto ao desenvolvimento de sinais de enfermidades. Além disso, realizamos exames laboratoriais para a detecção de vírus de alta relevância sanitária, como a Influenza Aviária (IA) e a Doença de Newcastle, garantindo que a reintrodução ocorra com total segurança para a biodiversidade local

— Dra. Marta Pedrosa Souto Maior, do Ministério da Agricultura e Pecuária (MAPA)

A saída do quarentenário foi acompanhada por uma operação coordenada entre a ONG ACTP (Association for the Conservation of Threatened Parrots), a organização privada BlueSky, que atua na Caatinga, a Polícia Federal, o IBAMA e o MAPA.

A escolta garantiu o transporte seguro das ararinhas até Curaçá. No local, os especialistas analisaram a condição das aves e as dividiram em grupos estratégicos para a reintrodução.

3 de 4 Exames laboratoriais para a detecção de vírus de alta relevância sanitária, como a Influenza Aviária (IA), foram realizados nas ararinhas-azuis — Foto: BLUESKY/Divulgação

Exames laboratoriais para a detecção de vírus de alta relevância sanitária, como a Influenza Aviária (IA), foram realizados nas ararinhas-azuis — Foto: BLUESKY/Divulgação

Entre os 41 indivíduos, 10 foram considerados mais aptos para a adaptação imediata à natureza e foram transferidos diretamente para o recinto de soltura, onde se juntarão a outras 10 ararinhas já preparadas para a reintrodução.

Segundo o Dr. Cromwell Pucharse, diretor da ACTP no Brasil, essa escolha se baseou em critérios genéticos e comportamentais.

> “Analisamos a diversidade genética, a idade e as melhores características comportamentais para o centro. Agora que temos as autorizações para as solturas deste ano e do próximo, iniciaremos a preparação das aves para a reintrodução deste ano. As datas planejadas para a soltura dependerão da prontidão das aves e serão divulgadas ao público no momento oportuno”.

As demais 31 ararinhas permanecerão em áreas de manejo dentro do centro. Destas, 15 integrarão o plantel reprodutivo, ajudando na geração de novas aves para futuras reintroduções.

4 de 4 Entre os 41 indivíduos, 10 foram considerados mais aptos para a adaptação imediata à natureza e foram transferidos diretamente para o recinto de soltura — Foto: BLUESKY/Divulgação

Entre os 41 indivíduos, 10 foram considerados mais aptos para a adaptação imediata à natureza e foram transferidos diretamente para o recinto de soltura — Foto: BLUESKY/Divulgação

Outras 16 ficarão em um recinto de socialização, onde serão avaliadas ao longo do ano para determinar se estarão aptas para soltura no futuro.

A chegada dessas aves representa mais um capítulo da história de conservação da ararinha-azul, uma espécie que, por décadas, foi considerada símbolo da luta contra a extinção. Com a reintrodução progressiva na Caatinga, a esperança de que essa ave volte a voar livremente pela natureza brasileira se torna cada vez mais real.

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