Após resistir a negociações sobre gênero e a agenda da ONU, o governo argentino, liderado pelo ultraliberal Javier Milei, intensificou sua oposição à proposta de taxação dos super-ricos, uma bandeira do ministro da Fazenda, Fernando Haddad.
Em meio às discussões que acontecem no Rio de Janeiro, onde líderes das principais economias mundiais se reúnem para elaborar a declaração final do G20, a delegação argentina expressou sua oposição à menção de taxação dos super-ricos no documento a ser aprovado pelos líderes. A cúpula acontecerá na próxima segunda, 18, e terça-feira, 19.
Relatos revelam que a Argentina recebeu orientações para barrar qualquer menção à taxação no texto final. Em julho, durante um encontro de ministros da Fazenda, o Brasil havia conseguido negociar a inclusão de um compromisso global sobre tributação justa e progressiva, que incluía indivíduos com “patrimônio líquido ultra-elevado”. Embora tenha sido uma formulação moderada, a inclusão do tema foi vista como uma vitória para Haddad. Agora, a Argentina tenta reverter essa inclusão.
A resistência argentina é vista por negociadores brasileiros como uma estratégia para agradar ao presidente eleito dos EUA, Donald Trump, que já anunciou a intenção de prorrogar os cortes de impostos para os super-ricos e empresas, implementados em 2017.
Além da questão da taxação, os representantes da Argentina também têm se oposto a trechos da declaração final que abordam igualdade de gênero, empoderamento feminino e os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU, que visam promover a sustentabilidade e erradicar a pobreza até 2030.