A entrevista do ex-governador Marconi Perillo (PSDB) à jornalista Cileide Alves, no quadro Na Trilha da Política, da CBN Goiânia, na última segunda-feira, 25, virou um verdadeiro compêndio de distorções e exageros. Em quase uma hora de conversa, o tucano buscou recontar a própria história à frente do Executivo goiano, recorrendo a informações imprecisas e à apropriação de resultados obtidos apenas após o fim de sua gestão.
Marconi tentou se apresentar como gestor eficiente e inovador, mas os dados oficiais expõem outra realidade. Ele se atribuiu a regionalização da saúde, tentou minimizar a importância do Complexo Oncológico de Referência de Goiás (Cora), apresentou números irreais sobre geração de empregos, PIB e políticas sociais, além de vender uma imagem de avanços na segurança pública — justamente uma das áreas mais críticas de seus governos.
Confira ponto a ponto as distorções apresentadas pelo ex-governador:
1. “A segurança foi ampliada e valorizada”
Durante seus mandatos, a violência avançou. Entre 2011 e 2018, Goiás chegou a registrar 47 homicídios por 100 mil habitantes, uma das taxas mais altas do Brasil. O cenário só mudou com a atual gestão, que reduziu os homicídios em 52%, para 21 por 100 mil habitantes, abaixo da média nacional.
2. “O Cora custou mais de R$ 2,5 bilhões e ninguém fala nada”
Marconi chamou de “hospital pequeno” o Cora, primeiro hospital público oncológico de Goiás. A realidade é outra: o complexo ocupa 177 mil m², foi inspirado no Hospital de Amor de Barretos (SP) e recebeu investimento de R$ 192,7 milhões em obras e R$ 63,2 milhões em equipamentos. É hoje uma das principais referências do país no tratamento do câncer.
3. “Os hospitais regionais e a regionalização da saúde foram entregas nossas”
Na prática, a regionalização da saúde é marca da atual gestão. De 2018 a 2024, o número de leitos cresceu 124%, passando de 1.635 para 3.673. A rede estadual saltou de 17 hospitais para 30, além de seis policlínicas em 23 municípios. Entre os entregues, está o Hospital de Águas Lindas, que ficou quase duas décadas parado em seu governo.
4. “O nível de empregos era muito elevado”
Os números desmentem. Entre 2011 e 2018, apenas 230 mil vagas foram abertas e o rendimento médio do trabalhador caiu. Já entre 2019 e 2024, foram quase 500 mil postos criados e o salário médio subiu de R$ 2,9 mil para R$ 3,4 mil, superando a média nacional.
5. “As políticas sociais do nosso governo se destacaram”
Ao contrário do que afirmou, a pobreza cresceu. Em 2012, 7% da população estava abaixo da linha da pobreza; em 2018, eram 8%. Isso significou 70 mil pessoas a mais em situação de vulnerabilidade. A partir de 2019, o cenário se inverteu: Goiás reduziu a taxa para 3,9% e, em 2023, chegou ao menor índice de sua história, 1,3%.
6. “Trabalhei duro para industrializar Goiás”
O setor industrial patinou em seus governos. Entre 2011 e 2018, a indústria goiana cresceu apenas 3,2%, abaixo da média nacional (4,5%). Com a gestão de Caiado, o crescimento acumulado chegou a 17%, três vezes mais que o resultado do país.
7. “Deixamos o governo com indicadores elevados, o PIB havia crescido 12 vezes”
A frase é um dos maiores exemplos de manipulação. O PIB goiano passou de R$ 121 bilhões em 2011 para R$ 195,7 bilhões em 2018 — crescimento nominal de 61% e real de apenas 7,3%. Já entre 2019 e 2024, o PIB saltou para R$ 377 bilhões, crescimento real de 39%.