Assassinato em Sepetiba: mandante tinha ‘obsessão’ por filha da vítima, diz delegado. Polícia busca intermediários.

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Depoimentos indicam que mandante do assassinato de mulher em Sepetiba tinha
‘obsessão’ por filha da vítima, diz delegado

Investigadores afirmam que mensagens, proibições escolares e relatos de parentes
e amigos descrevem comportamento possessivo que transformou a disputa por guarda
em “fixação”. Segundo o inquérito, isso teria levado à encomenda do assassinato
de Laís Pereira.

Além da mandante, polícia busca intermediários de assassinato de mulher em
Sepetiba

A Polícia Civil considera que a fixação de Gabrielle Cristine Pinheiro Rosário
pela filha mais velha de Laís de Oliveira Gomes Pereira, de 25 anos, foi o principal motivo por trás do assassinato da mãe de Alice.

Foi isso que indicaram os depoimentos colhidos durante as investigações e
detalhados na representação à Justiça que resultou na decretação da prisão
temporária de Gabrielle, apontada como mandante do crime, e dos suspeitos por executar Laís.

A jovem de 25 anos foi morta com um tiro na nuca em 4 de novembro, enquanto
empurrava o carrinho do filho mais novo em Sepetiba. Erick Santos Maria, o
condutor da moto, e Davi de Souza Malto, apontado como autor do disparo,
confessaram a execução de Laís, segundo a polícia.

Erick Santos Maria e Davi de Souza Malto foram presos por participação na
morte de Lais. — Foto: Reprodução TV Globo

A investigação apontou que o crime foi encomendado por Gabrielle,
madrasta de Alice e casada com o pai dela, Lucas Soares Ramos, ex-companheiro de
Laís. Gabrielle, que teve prisão temporária decretada, segue foragida.

Veja os principais pontos dos depoimentos que revelam a obsessão de Gabrielle
por Alice:

– Fixação e exigência de ser chamada de mãe;
– Comportamento controlador e possessivo em relação à criança;
– Conflitos repetidos e ameaças à mãe (Laís) por disputa da guarda;
– Intervenções na escola e tentativas de retirar a criança sem autorização;
– Mensagens agressivas enviadas ao celular da vítima, apontadas como prova relevante.

O QUE DIZEM OS DEPOIMENTOS

Andressa, mãe de Lucas, relatou aos investigadores que, após o casal Lucas e
Gabrielle mudar de endereço, Gabrielle criou uma fixação por Alice.

Segundo seu relato, Laís soube através de Alice que Gabrielle exigia que a
enteada a chamasse de mãe. A avó da criança afirmou que a menina chamava a
madrasta de ‘mamãe Gabi’. Andressa contou que Alice dizia ter duas mães.

Gabrielle Cristine Pinheiro Rosário — Foto: Divulgação

O ex-companheiro de Laís e pai de seu filho mais novo, Eimar Felipe, descreveu a
principal suspeita como “muito controladora” e disse que Gabrielle era
possessiva com Alice.

Segundo ele, a madrasta sempre queria mostrar que podia dar mais para Alice do
que a própria mãe.

Felipe contou aos investigadores que Gabrielle sempre queria ter a atenção de
Laís com ligações, e quando não era atendida mandava várias mensagens e dizia
estar “de mal”.

O irmão da vítima, Vitor, afirmou em depoimento que “sabia das ameaças
reiteradas feitas por Gabrielle”. Segundo ele, as ameaças eram de agressão
física por meio de mensagens nas redes sociais.

Letícia, amiga de Laís, também declarou à polícia que “a única pessoa que a
vítima tinha algum problema era Gabrielle” e que “depois que Lucas começou a se
relacionar com Gabrielle Alice virou uma obsessão para o casal”.

Segundo o inquérito policial apresentado à Justiça, Gabrielle foi impedida pela
escola de Alice de pegar a criança após “fazer uma confusão” no local.

Segundo o documento, ela reclamou por não terem deixado tirar Alice mais cedo da
escola sem a autorização do pai ou da mãe.

Os investigadores também destacaram como sendo de “extrema relevância” o
depoimento de uma testemunha ligada a Gabrielle. Essa mulher afirmou que
Gabrielle pedia seu telefone para mandar mensagem para seu companheiro Lucas.

Contudo, na verdade, Gabrielle utilizava o aparelho da amiga para ameaçar Laís
através de mensagens nas redes sociais. Esse elemento foi considerado pela
polícia como sendo o ponto de ligação entre as ofensas e a intenção hostil de
matar a vítima.

Mulher é morta enquanto passeava com criança em carrinho em Sepetiba, RJ
— Foto: Reprodução TV Globo

Os agentes da Polícia Civil e do Ministério Público entenderam que o conjunto de
provas reunido mostrava mais do que uma disputa de guarda eventual.

Segundo os investigadores, havia “fixação” e condutas repetidas que
transformaram Laís em obstáculo à pretensão de Gabrielle de exercer o papel de
mãe plena de Alice.

Os depoimentos, em especial os de familiares e pessoas próximas que registraram
mudanças de comportamento, exigências da criança chamá-la de mãe, mensagens
agressivas e episódios na escola, foram usados para demonstrar os indícios de
autoria do crime.

Laís Pereira morreu em Sepetiba aos 24 anos de idade — Foto: Reprodução

Além disso, os policiais descobriram que o executor do crime, Davi de Souza, e
Gabrielle são naturais de Duque de Caxias, o que, na opinião dos investigadores,
sugere possibilidade de contatos e intermediação que levaram à contratação do
crime.

Para os policiais, os relatos apresentam um fio condutor para a conclusão da
investigação. A postura possessiva de Gabrielle, o conflito e ameaças repetidas
contra Laís, os episódios públicos (escola, mensagens), a investigação da rotina
da vítima pelos executores e a execução na rua quando Laís caminhava com o
filho.

O delegado Robinson Gomes, da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que
investiga o caso, descreveu que as divergências “decorriam de disputas pela
guarda e convivência da criança Alice” e que “Gabrielle começou a ter verdadeira
obsessão pela guarda da criança.

> “Eles (Laís e Lucas) compartilhavam a guarda da criança e a Gabriele começou a
> ter verdadeira obsessão pela guarda da criança. A mãe era um obstáculo para
> ela ter a guarda plena”, explicou o delegado.

Com isso, a polícia concluiu haver indícios de que Gabrielle teria mandado matar
Laís para eliminar o que via como um obstáculo ao seu objetivo de controle sobre
Alice.

RELEMBRE O CASO

Laís de Oliveira Gomes Pereira, 25 anos, foi assassinada com um tiro na nuca
em 4 de novembro de 2025, enquanto empurrava o carrinho do filho de 1 ano e 8
meses na Travessa Santa Vitória, em Sepetiba, Zona Oeste do Rio de Janeiro. O bebê não foi
ferido.

Mãe denuncia filho à polícia após reconhecê-lo nas imagens do assassinato de
mulher em Sepetiba: ‘Quero pedir perdão”

Dois homens foram apontados como autores do crime. Erick se apresentou à Delegacia de Homicídios e teve prisão temporária decretada. Já Davi se
entregou e confessou o disparo, segundo a investigação. Os dois, conforme relatos, negociaram R$ 20 mil para
executar Laís.

A Polícia Civil identificou Gabrielle, atual companheira do pai de Alice, como a
possível mandante. A autoridade policial representou pela prisão temporária de
Gabrielle e o pedido foi acolhido pela Justiça, que decretou a prisão temporária
dela e de Davi por 30 dias. Gabrielle está foragida e teve cartaz do Disque Denúncia divulgado.

Além dos depoimentos que descrevem a fixação e as ameaças, houve análise de
imagens de câmeras que mostram os autores em moto, reconhecimento por
testemunhas e indícios de pesquisa da rotina da vítima pelos executores.

Disque Denúncia pede informações para localizar mulher suspeita de mandar matar
jovem em Sepetiba — Foto: Divulgação

Segundo a polícia, ainda faltam diligências para localizar e prender outros dois
envolvidos que funcionariam como intermediários da contratação.

A investigação segue para identificar os intermediários e outros possíveis
envolvidos, bem como para buscar elementos que comprovem a ligação financeira e
logística entre a mandante e os executores.

A Delegacia de Homicídios segue com diligências e o Disque Denúncia divulgou
canais para informações que levem à localização de Gabrielle.

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