Associação criminosa de falso leilão em SP fez vítimas em Goiás; cartilha da polícia dá dicas contra golpe

Uma ação conjunta entre a Delegacia Estadual de Repressão a Crimes Cibernéticos (DERCC) e a Divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de SP, desarticulou uma associação criminosa sediada na cidade de São Paulo especialista no golpe do “falso leilão”. A Operação Lance Seguro, deflagrada em 6 de dezembro, resultou no cumprimento de três mandados de prisão e cinco de busca e apreensão.

A organização criminosa era especializada em estelionato eletrônico. Seu modus operandi consistia em criar sites falsos de leilão de veículos para atrair vítimas, especialmente no Estado de Goiás.

Após o cadastro e participação das vítimas em leilões simulados, eram induzidas a realizar o pagamento do valor referente ao veículo “arrematado”. Os valores transferidos pelas vítimas iam diretamente para os membros do grupo, que, após o pagamento, deixavam as vítimas frustradas ao perceberem que o pátio da “leiloeira” não existia ou que o leilão era uma farsa.

Cuidados

A Polícia Civil alerta para a necessidade de cautela ao realizar transações online e orienta as vítimas a denunciarem casos suspeitos. Desta forma, durante a apresentação para a imprensa, haverá divulgação de uma cartilha para orientar a população sobre como reconhecer um site falso de leilões. Confira:

Como funciona o golpe?

– Criminosos criam sites falsos de leilão de veículos, muitas vezes clonando sites de leiloeiras verdadeiras ou utilizando sites com referência a órgãos públicos (Detran, Tribunais de Justiça, Receita Federal, etc.);

– Esses sites criados reproduzem as mesmas funcionalidades dos sites verdadeiros, com informações de “lotes” (veículos a serem arrematados) e “leilões” ocorrendo em tempo real com possibilidade de realização de lances, inclusive com informações de SAC e contato (números que são direcionados aos criminosos);

– As pretensas vítimas são atraídas a estes sites falsos em razão do oferecimento de veículos abaixo do preço de mercado; a partir disso, as vítimas são chamadas a efetuar um cadastro nos sites de leilão falso com o fornecimento dos seus dados completos (nome, número de documentos, endereços e inclusive foto da CNH e selfie) a fim de possibilitar a participação no “leilão”;

– Posteriormente, ao participar do “leilão” de algum lote (veiculo), as vítimas conseguem facilmente saírem vencedoras; a partir de então, os criminosos iniciam, através de chamadas telefônicas e troca de mensagens via whatsapp, diálogo com as vítimas a fim de as induzirem a efetuar a transferência do valor correspondente ao “lote arrematado”;

– Vítima recebe o “Termo de Arremate” (documento falso) e dados do “lote (veiculo) arrematado”, e acreditando que de fato participou de um leilão verdadeiro, em razão dos artifícios empregados, efetua o pagamento do valor do “lote arrematado” mediante transferência PIX e/ou TED para a conta de um beneficiário do golpe podendo ser uma pessoa física ou jurídica (muitas vezes os criminosos alegam que aquela terceira pessoa é um “preposto do leiloeiro” quando a vítima questiona o porquê da transferência ser para uma pessoa física ou jurídica diversa do leiloeiro oficial);

– Após a vítima procurar o pátio do leilão para retirada do lote que acreditou ter arrematado ou quando Ihe são solicitadas novas quantias para “liberar” o suposto veículo “arrematado”, o qual de fato não existe, é que ela se dá conta que caiu em um golpe.

Como identificar e se prevenir do golpe:

– Os criminosos utilizam sites cuja hospedagem é fora do pais – em razão da dificuldade em registrar domínios no Brasil que exigem mais dados e também com o objetivo de dificultar a investigação. Portanto, qualquer site de leilão de veículos que não tiver o domínio (endereço URL) com o sufixo “.com.br” deve ser objeto de alerta. Os criminosos geralmente usam sites com o sufixo “.com”, “.com/br”,”.ogr/”, “.net”, entre outras diversas possibilidades;

– Desconfie sempre de sites que não possuem o sufixo R com.br”.

–  Desconfie de sites cujo domínio (endereço) foi criado recentemente e cuja hospedagem é fora do Brasil. Os criminosos criam diversos sites de leilão falso, portanto, desconfie de sites que foram criados a menos de 06 (seis) meses. Através de qualquer ferramenta Whois (https://whois.domaintools.com/) é possível obter dados sobre o site (local de hospedagem e data de criação);

– Pesquise o site do leilão perante o qual deseja participar em páginas de reclamação (https://www.reclameaqui.com.br e https://www.leilaoseguro.org.br) com o objetivo de verificar a autenticidade do site e eventuais denúncias de fraude o site https://www.leilaoseguro.org.br, sob responsabilidade da ALEIBRAS – Associação da Leiloaria Oficial do Brasil, verifica os sites de leilão disponíveis e cataloga os sites com denúncias de fraude; de acordo o Leilão Seguro há cerca de 3210 sites falsos de leilão catalogados na plataforma no últimos 04 (quatro) anos;

– Verifique se o leiloeiro indicado como titular daquele leilão constante no site está inscrito no site da JUCEG do respectivo Estado (https://www.juceg.go.gov.br/orientacoes-e-modelos/leiloeiros.html) como leiloeiro oficial credenciado; somente leiloeiros inscritos regularmente na JUCEG podem conduzir leilões;

– Desconfie quando o suposto “leiloeiro” exigir que o valor do “Iance arrematado” seja transferido para terceiros, podendo ser pessoa física e/ou jurídica, que não o leiloeiro oficial;

Cai no golpe, como devo proceder?

–  Entre em contato imediatamente com o seu banco e informe que foi vítima de uma fraude e solicite o bloqueio da transação bancária;

– registre ocorrência na Polícia Civil;

– A ocorrência deve ser registrada ainda que nenhum valor tenha sido encaminhado, considerando que geralmente a vítima fornece para os criminosos seus dados pessoais e inclusive cópias de documentos.

 

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BYD cancela contrato com empreiteira após polêmica por trabalho escravo

Na noite de segunda-feira, 23, a filial brasileira da montadora BYD anunciou a rescisão do contrato com a empresa terceirizada Jinjiang Construction Brazil Ltda., responsável pela construção da fábrica de carros elétricos em Camaçari, na Bahia. A decisão veio após o resgate de 163 operários chineses que trabalhavam em condições análogas à escravidão.

As obras, que incluem a construção da maior fábrica de carros elétricos da BYD fora da Ásia, foram parcialmente suspensas por determinação do Ministério Público do Trabalho (MPT) da Bahia. Desde novembro, o MPT, juntamente com outras agências governamentais, realizou verificações que identificaram as graves irregularidades na empresa terceirizada Jinjiang.

Força-tarefa

Uma força-tarefa composta pelo MPT, Ministério do Trabalho e Emprego (MTE), Defensoria Pública da União (DPU) e Polícia Rodoviária Federal (PRF), além do Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Federal (PF), resgatou os 163 trabalhadores e interditou os trechos da obra sob responsabilidade da Jinjiang.

A BYD Auto do Brasil afirmou que “não tolera o desrespeito à dignidade humana” e transferiu os 163 trabalhadores para hotéis da região. A empresa reiterou seu compromisso com o cumprimento integral da legislação brasileira, especialmente no que se refere à proteção dos direitos dos trabalhadores.

Uma audiência foi marcada para esta quinta-feira, 26, para que a BYD e a Jinjiang apresentem as providências necessárias à garantia das condições mínimas de alojamento e negociem as condições para a regularização geral do que já foi detectado.

O Ministério das Relações Exteriores da China afirmou que sua embaixada e consulados no Brasil estão em contato com as autoridades brasileiras para verificar a situação e administrá-la da maneira adequada. A porta-voz da diplomacia chinesa, Mao Ning, em Pequim, destacou que o governo chinês sempre deu a maior importância à proteção dos direitos legítimos e aos interesses dos trabalhadores, pedindo às empresas chinesas que cumpram a lei e as normas.

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