Uma enorme nuvem molecular, invisível a olho nu, foi detectada surpreendentemente próxima da Terra. Nomeada Eos, em referência à deusa grega do amanhecer, a nuvem mede cerca de 40 luas de largura e possui uma massa aproximadamente 3.400 vezes maior que a do Sol, segundo um estudo publicado nesta segunda-feira, 28, na revista Nature Astronomy.
Nuvens moleculares, compostas por gás e poeira, são berçários de estrelas e planetas. Normalmente, esses corpos celestes são identificados por meio de observações de monóxido de carbono, que emite sinais detectáveis em ondas de rádio e infravermelho. No entanto, Eos permaneceu despercebida até agora porque contém pouca quantidade desse composto.
“A única razão pela qual conseguimos captá-la desta vez foi porque conseguimos observar com uma cor diferente de luz”, explicou Thomas Haworth, astrofísico da Queen Mary University of London e coautor do estudo. A detecção foi possível graças à análise da luz ultravioleta extrema emitida pelo hidrogênio molecular, utilizando dados do espectrógrafo FIMS-SPEAR, a bordo do satélite coreano STSAT-1.
Blakesley Burkhart, professora associada da Universidade Rutgers e autora principal do estudo, destacou a importância da descoberta. “Esta é a primeira nuvem molecular identificada diretamente pela emissão de hidrogênio molecular no ultravioleta extremo”, afirmou. Segundo ela, Eos está “literalmente brilhando no escuro”, oferecendo uma oportunidade única para investigar como nuvens moleculares se formam e evoluem.
A surpresa entre os cientistas foi grande, pois se acreditava que a distribuição de nuvens moleculares num raio de 1.600 anos-luz do Sol já era bem conhecida. No entanto, Eos está a apenas 300 anos-luz de distância. “É intrigante que algo tão grande esteja tão próximo, e só agora tenhamos percebido”, comentou Melissa McClure, astrônoma da Universidade de Leiden, que não participou do estudo. Ela comparou a descoberta à de encontrar um bunker escondido em um terreno aparentemente vazio do próprio bairro.
Segundo os pesquisadores, Eos poderá fornecer novos insights sobre a formação de estrelas e sistemas planetários, aprofundando o entendimento sobre os processos que moldam as galáxias.