Peixes-espada podem ter confundido banhistas com alimento em ataque em Rio das Ostras, diz biólogo
Turistas foram surpreendidos com ataque simultâneo e sofreram cortes nas pernas e tornozelos ao entrar na praia no começo da noite de segunda-feira (20).
Peixe-espada capturado pelo pescador Pedro após ataque a banhistas em Rio das Ostras — Foto: Jhones Poubel/Arquivo pessoal
O ataque simultâneo de um cardume de peixes-espada que deixou sete feridos[https://de.de/rj/regiao-dos-lagos/noticia/2025/01/21/cardume-de-peixe-espada-ataca-e-fere-7-banhistas-em-praia-de-rio-das-ostras-video.ghtml] em uma praia de Rio das Ostras (RJ)[https://de.de/rj/regiao-dos-lagos/cidade/rio-das-ostras/] pode ter ocorrido porque os peixes confundiram os banhistas com alimento. A explicação é do biólogo Jhones Poubel.
Ao DE[https://de.de/], ele disse que, apesar desse tipo de ocorrência ser rara, sem nenhum registro anterior na região, a incidência do peixe-espada é comum no litoral do estado do Rio de Janeiro durante o verão e ele pode ter se aproximado da orla para caçar peixes menores, como a sardinha, por exemplo.
> “Ele vai na tentativa de caçar, de se alimentar de outro peixe, então, ele pode confundir. Os banhistas estavam na água, nadando, boiando, mexendo, e, nesse movimento com os pés e com as mãos, o peixe pode ter achado que seria a sua caça, um peixe menor”, explicou o biólogo.
Banhistas foram atacados por cardume de peixe-espada em Rio das Ostras — Foto: Imagens cedidas Rio das Ostras em Foco
Os banhistas estavam na parte rasa da praia da Baleia, no começo da noite de segunda-feira (20), quando foram surpreendidos com mordidas nos pés e tornozelos. O ataque assustou quem presenciou a cena e intrigou quem acompanhou as imagens pelas redes sociais.
“Cardumes desses peixes menores encostaram na praia e os espadas foram atrás. E no mesmo momento, os banhistas estavam na água. Foi um encontro inesperado”, afirmou.
Entender como a espécie se comporta é importante para que os banhistas se mantenham alerta e saibam como agir. Os ferimentos podem ser profundos.
> “A boca do peixe-espada pode provocar feridas graves se não for manuseada com cuidado. Os dentes afiados e a mandíbula inferior móvel podem causar cortes profundos e lesões nos tecidos”, disse Poubel.
Gustavo Barcelos, de 21 anos, é uma das vítimas do ataque.[https://de.de/rj/regiao-dos-lagos/noticia/2025/01/22/vitima-atacada-por-cardume-de-peixe-espada-no-rj-conta-sobre-o-desespero-no-mar-saiu-machucando-a-todos.ghtml] O jovem é de Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense, e estava na praia de Rio das Ostras com a mãe. Ela viu quando o filho e outras pessoas saíram às pressas do mar. Todos os feridos receberam alta do hospital.
Gustavo precisou levar quatro pontos e se recupera na casa que foi alugada na cidade, onde ficará com a família até o final do mês.
“Não foi muito fundo. Local tranquilo. Só que o horário era meio tarde, devia ser umas seis e meia, sete da noite, quando fomos atacados por esse peixe. Saiu machucando a todos”, lembrou Gustavo.
Quanto ao comportamento do peixe-espada, o biólogo Jhones Poubel explicou que é um peixe de hábito noturno. Ele deixa as seguintes recomendações aos banhistas:
– Seguir as orientações dos bombeiros sobre a presença de cardumes no local
– Evitar, por curiosidade, se aproximar e nadar próximo desses cardumes
– Sair da água nesse período da tarde para a noite
Banhistas são atacados por peixes em Rio das Ostras
O Trichiurus lepturus, nome científico do peixe-espada, é um predador que se alimenta à noite de peixes, crustáceos e cefalópodes, podendo se aproximar da orla durante a caça. Durante o dia, se esconde em áreas de vegetação ou estruturas submersas.
Possui corpo prateado, alongado e achatado, em forma de lâmina, que pode chegar a um metro de comprimento. A espécie também pode pesar até 5 kg.
A boca, grande e pontuda, tem dentes com algumas presas grandes na região frontal. Ainda possui olhos grandes e longa nadadeira dorsal. É uma espécie sem nadadeiras pélvica e caudal.
Quanto à boca do peixe-espada, o biólogo Jhones Poubel destacou algumas características interessantes e importantes para entender o comportamento e ecologia da espécie.
A boca do peixe-espada:
– Focinho alongado: A boca do peixe-espada é localizada no focinho alongado, que é uma extensão do crânio.
– Dentes afiados: A boca do peixe-espada é equipada com dentes afiados e pontiagudos, que são ideais para capturar e comer presas.
– Mandíbula inferior móvel: A mandíbula inferior do peixe-espada é móvel, o que permite que ele abra a boca de forma muito larga para capturar presas maiores.
A incidência do peixe-espada ocorre em águas tropicais e subtropicais, incluindo a região do Rio de Janeiro, e em profundidades de zero a 200 metros. Ele gosta de águas quentes e temperadas e pode ser facilmente pescado por adeptos da pesca esportiva e comercial.
Na primavera e verão, os peixes-espadas formam grandes cardumes e entram nos mangues e estuários para reprodução.
O biólogo reforçou a importância da espécie nas pesquisas de bioacumulação (absorção de substâncias químicas por alguns indivíduos). O peixe-espada é monitorado com a finalidade de gerar levantamento de contaminação por metal pesado em ambientes aquáticos marinhos.
Poubel citou que estudos realizados pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) detectaram a presença do metal mercúrio (HG) em peixes, como o peixe-espada, capturados na região do Rio de Janeiro.
Porém, os níveis de mercúrio encontrados nos estudos variaram e, em muitos casos, estavam dentro dos limites considerados seguros para o consumo humano.
Pelo fato do peixe-espada ser um carnívoro localizado no topo da cadeia alimentar, ele pode indicar o grau de contaminação do metal mercúrio (Hg) nas águas.
O biólogo alerta que, para evitar os efeitos do mercúrio na saúde humana – que envolvem danos ao sistema nervoso e prejuízos ao desenvolvimento fetal com impactos no crescimento, desenvolvimento cognitivo e comportamental – é importante consumir peixes de fontes confiáveis e variar a dieta para minimizar o risco de exposição a substâncias químicas nocivas.
Outros riscos associados ao consumo de peixes contaminados com mercúrio são o desenvolvimento de doenças renais e cardíacas. Jhones Poubel lembrou ainda que estudos sugerem o aumento do risco de câncer.