Ataque em escola de Sobral: ONG alertou para segurança de outro aluno ameaçado por facção
O jovem citado pela ONG não foi atingido no ataque à Escola Estadual Luiz Felipe, que terminou com dois alunos mortos e três feridos, mas chama atenção para o cenário delicado da unidade de ensino.
Um ofício enviado por uma ONG à Secretaria de Educação do Ceará já havia alertado para o cenário delicado na Escola de Ensino Médio Luis Felipe, onde um ataque a tiros deixou dois alunos mortos e outros três feridos em Sobral, na última quinta-feira (25). No ofício, a organização solicitou que um aluno de 15 anos (que não está entre os feridos ou mortos no ataque) fosse transferido por risco à sua vida devido ao conflito de facções na região.
O documento escrito pela ONG Visão Mundial foi encaminhado à Secretaria de Educação no dia 4 de agosto. O jovem relatou que mora em um bairro de Sobral dominado por uma facção rival à que domina o bairro Campo dos Velhos, onde fica a escola atacada. Por isso, a ida dele à escola poderia colocá-lo em risco. Pela situação, o aluno perdeu todas as aulas do primeiro semestre.
Não há informações se as ameaças que o jovem de 15 anos recebeu têm relação direta com o ataque da quinta-feira. Por outro lado, uma das linhas de investigação é que o ataque que matou os jovens tem relação com disputa de facções e tráfico.
No texto, a ONG alertou que a integridade física do jovem de 15 anos estava ameaçada e pediu prioridade para o caso. “Solicitamos, com a máxima urgência e atenção que o caso requer, o apoio dessa Secretaria para que seja possibilitada a transferência imediata do estudante para a unidade indicada [uma escola em outro bairro”, diz um trecho do ofício.
Menos de dois meses após o aviso da ONG, a escola registrou o ataque, no qual morreram os adolescentes Victor Guilherme Sousa de Aguiar e Luis Claudio Sousa Oliveira Filho, de 17 e 16 anos, respectivamente. Outros três estudantes, todos adolescentes, foram baleados e sobreviveram. Na manhã da sexta-feira (26), a Polícia prendeu o primeiro suspeito de participação no crime.
A ONG Visão Mundial, que atua por meio de projetos sociais em comunidades vulneráveis, não explicou se as ameaças contra o adolescente de 15 anos vinham de suspeitos dentro da escola ou no bairro em que a unidade está. O projeto, porém, sugeriu a transferência dele para uma escola localizada em um local fora de risco. Até o momento, porém, o jovem não obteve a transferência.
De acordo com o CEO da Visão Mundial, Thiago Crucciti, o ataque à escola chama atenção para mais uma consequência dos conflitos entre facções: uma ameaça à vida e ao acesso à educação das crianças e adolescentes. “Não é novo que, quando uma escola está em um território dominado por uma facção criminosa e uma criança mora em um outro bairro que é dominado por outra facção criminosa, esse ir e vir já aumenta naturalmente ou triplica, quadruplica, quintuplica a possibilidade de violência que uma criança pode sofrer”, destaca o CEO da ONG.