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AVC: entenda importância de observar os sinais e evitar sequelas

Última atualização 28/10/2022 | 17:37

O curto intervalo de tempo para assistir uma pessoa com suspeita de Acidente Vascular Cerebral (AVC), mais conhecido como derrame, pode ajudar a evitar sequelas. Boca torta, dificuldade para elevar os membros ou problemas para falar são alguns dos sintomas da doença que mata cerca de 100 mil brasileiros por ano, de acordo com o Ministério da Saúde.

O neurologista Marco Túlio Pedatella lembra que há dois tipos de derrame. O AVC isquêmico ocorre quando há uma interrupção do fluxo de sangue para o cérebro pela obstrução do fluxo por um coágulo, por exemplo, e o AVC hemorrágico surge após a ruptura de um vaso sanguíneo.

“Pode ter sequelas podem ser irreversíveis em alguns casos. Por isso a importância de reconhecer os sinais de um AVC e encaminhar o mais rápido possível  essa pessoa à emergência, ou entrar em contato com serviço móvel de urgência, como SAMU, para que possa ser avaliada. No caso do AVC isquêmico sabemos que em até 6 horas do início dos sintomas, podemos realizar procedimentos que diminuem muito o risco de sequelas”, alerta.

A aposentada Maria Rita Silveira, 91 anos, faz acompanhamento médico há cerca de dez anos por causa de um AVC. O atendimento de emergência foi crucial para o diagnóstico e intervenção que não deixaram sequelas. No caso do autônomo Henrique Magalhães, 52 anos,  a demora no socorro resultou na paralisia do lado direito do corpo. Além disso, a doença também pode  causar problemas de visão, memória e fala leves e passageiras ou graves e incapacitantes.

“Do nada eu não conseguia mexer uma das minhas pernas nem um dos meus braços. Na tentativa de pedir ajuda, eu tropecei e ali fiquei. Um vizinho me encontrou, ligou para minha família e fui levado a um hospital. Precisei ficar internado e passar por fisioterapia, mas ainda sofro com as consequências do derrame”, afirma Henrique.

Grupo de risco

Os homens são o grupo mais afetado pela doença, apesar de a ciência não saber o porquê. Uma das hipóteses é o desleixo nos cuidados com a saúde, assim como vem ocorrendo entre as pessoas mais jovens. Estatísticas apontam que mais de 90% dos casos podem ser evitados com controle da hipertensão, diabetes, colesterol alto, sobrepeso, obesidade, cigarro e estresse.

“Em mulheres ainda existem os fatores de risco únicos como o histórico de gestações complicadas com pré-eclampsia, eclampsia, diabetes gestacional, bebês prematuros abortamentos dentre outros, como as doenças autoimunes (artrite reumatoide e lúpus) mais comuns entre elas”, explica a cardiologista Kécia Amorim.

Apesar disso, o estilo de vida influencia mais que o gênero quando se trata de AVC. Pessoas sedentárias, obesas, estressadas e com doenças crônicas que, na maioria das vezes, negligenciam seus tratamentos e os cuidados médicos são mais propensas a terem a doença”, detalha a especialista. Segundo ela, curiosamente a doença também pode afetar crianças e recém-nascidos por malformações congênitas.

“Os tratamentos são diferentes quando hemorrágico ou isquêmico. De qualquer forma, quando é rápido muda o desfecho e o prognóstico do paciente. O controle da pressão arterial é muito importante nesse processo. Já os anticoagulantes são utilizados para o AVC isquêmico e contraindicado no hemorrágico”, pontua.

A medicação receitada pelo médico é seguida à risca por Maria Rita, que precisa se atentar à rotina de exercícios físicos e controle das taxas de colesterol. Um dos cuidados é com a alimentação porque o anticoagulante perde parte do efeito quando associado à vitamina K, presente em vegetais verde-escuro, laticínios, ovos, soja, óleo de oliva e fígado, por exemplo.

Assistência na rede pública

Em Goiás, o Hospital de Urgências de Goiás (Hugo) tem um protocolo de atendimento ágil para pacientes com a  doença. A pessoa diagnosticada com AVC isquêmico dentro das primeiras quatro ou cinco horas recebe tratamento com medicamento para ajudar a desfazer o coágulo que obstrui o vaso sanguíneo cerebral. Em até seis horas é possível retirar o coágulo por meio de um cateterismo cerebral. O trabalho é feito por uma equipe multiprofissional que inclui neurologista disponível 24 horas.