A história do Rio de Janeiro está intimamente ligada aos aterros que moldaram a cidade ao longo dos anos. Além dos famosos aterros sobre o mar, a expansão do Centro da cidade também se deu sobre as próprias águas do continente: lagoas e brejos aterrados deram lugar a locais icônicos que hoje fazem parte da identidade carioca.
O Theatro Municipal, por exemplo, foi erguido em uma área onde existia a antiga Lagoa de Santo Antônio, que foi aterrada no século 18. Outros pontos tradicionais do Centro, como a região conhecida como Saara, também repousam sobre antigas lagoas. O avanço sobre as águas do continente foi essencial para a expansão da cidade e a criação de espaços urbanos emblemáticos.
Na Lapa, o Circo Voador e parte da Fundição Progresso ocupam o espaço da antiga Lagoa do Desterro, demonstrando como os vestígios aquáticos ainda estão presentes na paisagem urbana. A transformação da palavra “aterro” em sinônimo da expansão da cidade foi marcante, com a cidade avançando sobre a Baía de Guanabara e redesenhando sua linha de costa.
O professor Paulo Knauss destaca que diversos locais históricos do Rio, como o Paço Imperial, foram construídos sobre aterros no século 18, evidenciando a longa tradição de adaptação e transformação do espaço urbano. A intensificação dos aterros no século 20 também foi observada na Zona Sul, onde a Lagoa Rodrigo de Freitas encolheu quase pela metade, devido à expansão da cidade sobre o espelho d’água.
O geógrafo Leandro Souza ressalta que os aterros no Rio de Janeiro têm diversas finalidades ao longo do tempo, adaptando-se às necessidades da cidade em diferentes épocas. Os estudos de monitoramento do uso do solo revelam a importância dos aterros na transformação da paisagem urbana e na criação de novos espaços. A história dos aterros no Rio reflete a constante evolução e adaptação da cidade ao longo dos anos.