Saiba quem é o estudante palestino preso após protestos nos EUA
Mahmoud Khalil teve green card revogado e foi preso no sábado (8); juiz federal
bloqueou temporariamente deportação do ativista
Em uma entrevista à CNN no ano passado, Mahmoud Khalil disse que nasceu como um
refugiado palestino na Síria, mas sua família é de Tiberíades, uma cidade
israelense que já foi conhecida por uma população mista de judeus e árabes.
O estudante cresceu na Síria e obteve o diploma de bacharel em ciência da
computação pela Lebanese American University, segundo seu perfil no LinkedIn.
Antes de se matricular na Universidade de Colúmbia, ele ocupou diferentes cargos
em desenvolvimento internacional, incluindo no Foreign, Commonwealth and
Development Office do Reino Unido.
Em 2023, Khalil começou a estudar para obter o mestrado em administração pública
na Escola de Relações Internacionais e Públicas de Colúmbia. No mesmo ano o
Hamas atacou Israel, em 7 de outubro.
Ativista palestino que liderou protestos estudantis é preso nos EUA
A Guerra Israel-Hamas colocou a Universidade de Colúmbia e os estudantes sob
holofotes nacionais, enquanto manifestações pró-Palestina aconteciam nos campi
universitários.
Com base em uma tradição de protestos antiguerra, liderados por estudantes na
universidade, uma coalizão estabeleceu acampamentos no campus, realizou comícios
e organizou “ensinamentos”.
Mas o movimento também foi contaminado por casos de antissemitismo desenfreado,
que Khalil repudiou.
“SUSPENSÃO E REINTEGRAÇÃO
Khalil explicou que escolheu não participar diretamente dos acampamentos
estudantis porque não queria correr o risco de a universidade revogar seu visto
de estudante.
Em vez disso, ele fez discursos e foi um dos estudantes selecionados para
liderar discussões com administradores universitários em nome da Columbia
University Apartheid Divest, uma coalizão de organizações estudantis que exigia
que a universidade se desfizesse de laços financeiros com Israel e pedia um
cessar-fogo em Gaza.
Dias após falar com a CNN, a instituição de ensino perdeu o prazo para chegar a
um acordo sobre desinvestimento.
Em resposta, estudantes, assim como pessoas não afiliadas à escola, entraram no
Hamilton Hall da Colúmbia e se barricaram lá dentro. A universidade finalmente
solicitou assistência policial para remover os manifestantes e mais de 280
pessoas foram presas, conforme o Departamento de Polícia de Nova York.
Após a manifestação, Khalil relatou à BBC que a universidade fez um movimento
para suspendê-lo, porém, reverteu a decisão abruptamente.
PRISÃO
Mahmoud Khalil, que concluiu o mestrado na Universidade de Columbia em dezembro
e é residente legal dos EUA, foi preso e detido por agentes federais depois que
seu advogado o informou que seu green card foi revogado pelo governo Trump.
A advogada dele, Amy Greer, disse que a esposa de Khalil, que é cidadã
americana, também estava presente durante sua prisão e está grávida de oito
meses.
O presidente Donald Trump comparou a um simpatizante terrorista. Outros o retratam como um ativista
palestino, destacado por seu apoio aberto ao próprio povo.
Mas muito antes de ser preso por agentes federais na noite de sábado (8), Khalil
disse à CNN que se sentiu chamado a defender a libertação do povo palestino e
judeu como refugiado.
“Como estudante palestino, acredito que a libertação do povo palestino e judeu
estão interligadas e andam de mãos dadas, você não pode alcançar um sem o
outro”, expressou ele à CNN no ano passado, quando foi um dos negociadores que
representavam os manifestantes estudantis e Universidade de Colúmbia.
Na época ele afirmou que o movimento se tratava de “justiça social, liberdade e
igualdade para todos”.
Na segunda-feira (10) um juiz federal em Nova York bloqueou quaisquer esforços
do governo do presidente Donald Trump para deportar Mahmoud Khalil,
um estudante da Universidade de Columbia e ativista palestino, até uma audiência
na quarta-feira (12), segundo documentos judiciais.