VÍDEO: ‘Ainda estamos aqui’, diz ambientalista que salvou árvore há 50 anos; ato
foi repetido em Porto Alegre
Carlos Alberto Dayrell, que hoje mora em Minas Gerais, participou de um ato para
lembrar o dia histórico.
Ambientalistas lembram ato de proteção a árvores da capital
Um movimento incomum chamou a atenção de quem passava em frente ao prédio da
faculdade de Direito da UFRGS, no Centro Histórico de Porto Alegre, na tarde
desta sexta-feira (25). Sob a sombra de uma dezena de tipuanas, árvore comum de
Porto Alegre, um grupo de ambientalistas se reuniu para lembrar um ato de
rebeldia que entrou para a história.
Há exatos 50 anos, em plena ditadura militar, estudantes desafiaram a ordem para
a derrubada de árvores no local onde seria construído um viaduto.
Três jovens subiram nos galhos e atrairam a atenção de centenas de pessoas que
pararam o trânsito na Avenida João Pessoa. Resultado: o projeto original foi
modificado e as árvores preservadas.
“Foi uma coisa que não foi pensada, planejada, mas que surgiu por um processo
social em curso. Um movimento ambientalista nascente e um processo de
transformação acelerada da cidade onde as pessoas estavam preocupadas com esse
processo”, conta Carlos Alberto Dayrell, que tinha 22 anos e cursava engenharia
elétrica.
> “Eu ainda estou aqui, junto com a árvore, junto com esse movimento. Ainda
> estamos aqui”.
No dia do protesto, Dayrell compartilhou o desafio com Marcos Saraçol, que
estudava Matemática, e Teresa Jardim, da Biblioteconomia. Eles se revezaram no
topo da árvore do final da manhã até o fim da tarde.
Meio século depois, Saraçol diz que se sente orgulhoso: “Sempre que eu passo
aqui, é inevitável dar uma parada e recordar a importância que tomou esse
local.”
Tanto tempo depois, nenhum deles tentou subir na árvore de novo. Coube ao
estudante Germano Bolzan Cerezer, de 19 anos, que cursa filosofia da
Universidade Federal de Santa Maria, repetir a cena, que foi aplaudida pelo
grupo de ambientalistas.
> “A luta ecológica é algo que vem me tocando, vem me chamando há muito tempo”,
> disse ele.
“A gente está num momento muito crítico da nossa sociedade, do nosso mundo, que
se a gente não pensar e agir, mais do que nunca, as coisas vão ir por água abaixo.”
O ato, organizado pela Associação Gaúcha de Proteção ao Ambiente Natural
(Agapan), terminou com o plantio de uma muda de butiá no pátio da faculdade de
Direito, perto das árvores antigas que ainda garantem a sombra para quem passa
na calçada.
“Se os problemas ambientais estão no nível que estão hoje, eles poderiam estar
piores se a gente não tivesse cuidado o mínimo que cuidamos através desse
ativismo ambiental”, acredita o presidente da associação Heverton Lacerda.