Em ‘Senna’, ator realiza sonho ao ganhar primeiro papel aos 34 anos: ‘Era uma coisa muito distante’
Felipe Prioli, de Ribeirão Preto (SP), compartilha a emoção de dar vida ao ex-piloto italiano Riccardo Patrese na minissérie lançada na Netflix no último dia 29.
Ator brasileiro estreiou seu primeiro papel na série ‘Senna’ da DE no último dia 29 de novembro — Foto: Arquivo pessoal
Um ator de Ribeirão Preto (SP) realizou um sonho ao integrar o elenco da série “Senna”, lançada no último dia 29 de novembro e que conta a história de Ayrton Senna, um dos maiores pilotos de Fórmula 1 de todos os tempos. Aos 34 anos, Felipe Prioli conta que interpretar o ex-piloto Riccardo Patrese na minissérie foi o primeiro papel da vida dele em uma produção cinematográfica.
“É meu primeiro papel esse. E aconteceu tarde, assim, normalmente na carreira de um ator, eu tenho 34 anos hoje, mas em seu tempo também, porque tudo o aprendizado que eu tive, inclusive trabalhando com outras coisas também, contribuíram pra isso.”
Felipe nasceu em Ribeirão e morou na cidade até os 19 anos, antes de se mudar para São Paulo para estudar.
Em entrevista ao DE, ele passou a limpo a expectativa de realizar o sonho de ser ator, o início dessa jornada, a participação e a experiência de atuar em “Senna”.
Felipe Prioli na escola ‘Caminho Suave’ quando criança, em Ribeirão Preto, SP — Foto: Arquivo pessoal
Desde criança, Felipe sonhava em atuar. Ele lembra de pedir aos pais para colocá-lo em uma agência de talentos e começar com comerciais de TV. Conta também que tinha um vizinho que tinha feito um comercial de TV de pão de queijo e ele se impressiona.
“E aí eu lembro e falei: ‘nossa, dá pra fazer isso, dá pra fingir ser um personagem na televisão e tal’. E desde pequeno, assim, eu já queria trabalhar com atuação, mas aí nesse tempo é isso, você vai entendendo que as coisas são mais difíceis, aí também acho que faltam um pouco de referências pra mim, assim, de como seria possível trabalhar com isso, né?”
A paixão pela atuação foi algo presente desde cedo, mas ele só foi se aprofundar nisso depois de se mudar para São Paulo.
Felipe Prioli brinca de ser piloto quando criança. — Foto: Arquivo pessoal
Felipe conciliou trabalho, estudos e a vontade de atuar em São Paulo. Ele começou a se dedicar à atuação aos poucos, com a necessidade de se sustentar.
“Foi quando eu comecei aos pouquinhos, assim, estudando, não fui de cara assim também, porque não tinha como. Tinha que me manter lá em São Paulo, tinha que trabalhar, tinha que estudar.”
Sua dedicação foi gradual, mas sempre com o foco na atuação.
Prioli lembra de sua infância criativa, onde passava horas brincando e criando histórias. Ele conta como isso ajudou no desenvolvimento de sua carreira.
“Eu era uma criança muito lúdica, assim, de ficar desenhando bastante, de ficar imaginando cenas, eu tinha uns bonequinhos que eu ficava fazendo cenas e passava horas e horas brincando.”
O ator acredita que todas as experiências anteriores ajudaram na preparação para este momento.
“Quanto mais você se expor ao que quer, maior a chance de conseguir. O importante é entender o que te motiva e se jogar nisso.”
Felipe fala sobre como a faculdade de publicidade e propaganda foi fundamental, especialmente para aprender a se comunicar de forma eficaz, o que ele considera essencial para o sucesso na atuação.
“Nossa, principalmente a saber me vender, assim, e eu acho que esse é o principal, hoje em dia é metade talento e dedicação que você tem que ter e metade também saber se comunicar.”
Ele destaca que, além do talento, saber comunicar de forma persuasiva é crucial, já que a competição é grande e a comunicação clara é fundamental.
Prioli conta sobre sua formação em publicidade e como os cursos de teatro, inicialmente buscados como um escape, passaram a ser cada vez mais importantes em sua jornada.
“Quando a coisa apertava, assim, que tinha muita coisa relacionada a faculdade, a trabalho, assim, que me levava pro lado menos artístico, era quando eu procurava esses cursos de teatro.”
Ele explica que, apesar de nunca ter se aprofundado formalmente no teatro, os cursos e workshops, especialmente os de televisão e dramaturgia, foram essenciais para sua transição para a atuação.
Felipe Prioli compara a experiência dos workshops de atuação a uma sensação de bem-estar, algo que o fazia querer mais.
“Sabe quando você vai para a praia, e aí, se você gosta de praia, você vai para praia e você pensa: ‘nossa, como eu gosto de praia, eu preciso vir mais vezes pra praia'”, diz.
Ele descreve como esses momentos em cursos de atuação o conectavam profundamente com a profissão, o que o motivou a investir mais seriamente na carreira.
Felipe revela que o curso com a preparadora de elenco Fátima Toledo foi o divisor de águas, onde ele decidiu investir mais na carreira de ator, buscando experiência com profissionais que trabalhavam com atores não profissionais.
“Eu fiz esse curso com a Fátima Toledo, ela preparou vários filmes, e como eu não tinha a formação, né, de artes cênicas, eu sempre pensei que fazer esses cursos com pessoas que tinham experiência em transformar pessoas que são não atores em atores pra algum filme ia me trazer algum tipo de conhecimento interessante.”
Felipe fala sobre o início de sua formação em teatro, começando com o curso no Macunaíma e, posteriormente, participando de workshops no estúdio de Fátima Toledo, onde aprendeu um método único de preparação.
“O primeiro curso que eu fiz foi no Macunaíma, que foi teatro, mas esse foi no estúdio da Fátima Toledo mesmo. Onde ela dá alguns workshops com uma equipe muito boa.”
Prioli destaca a profundidade do método de Fátima Toledo, que envolve técnicas corporais que se aproximam de práticas como yoga, e como isso o fez sentir a necessidade de se dedicar ainda mais à atuação.
“Ela tem todo um método que mistura, parece que você tá fazendo yoga ao mesmo tempo, alguns exercícios de bioenergética que ela chama, que é de algum contato corporal que você tem.”
A relação do pai de Felipe com Ayrton Senna, apaixonado pelo piloto, motivou ainda mais o ator a embarcar no projeto da série, que para ele foi também uma forma de homenagem ao pai.
“Eu acabei de chegar em Ribeirão aqui. E aí a gente acabou assistindo a série separado. Eu assisti lá em São Paulo, e ele assistiu aqui.”
Ele destaca a coleção de carros em miniatura do Senna e a conexão de seu pai com a história, o que o fez ficar ainda mais empolgado para participar da série.
Prioli descreve como, mesmo não sendo supersticioso, permitiu-se envolver em alguns rituais para garantir que sua participação na série desse certo, como um tipo de ‘imersão’ no personagem.
“Eu lembro que eu estava dentro do autódromo de Monza, fazendo o tour de lá. E esse autódromo de Monza foi onde o Ricardo Patrese teve suas primeiras corridas.”
Ele compartilha como foi importante para ele se conectar com o personagem e manter uma postura cautelosa ao mesmo tempo, criando expectativas equilibradas.
O ator relata como a família reagiu ao saber que ele faria parte da série, uma surpresa para muitos, já que ele nunca havia falado abertamente sobre seu lado ator.
“‘Como assim, de repente, você tá numa série?’ Tipo, como se fosse uma coisa aleatória. Aí eu falo assim: ‘pera, tem uma coisa que não é de repente’. Mas eu entendo a surpresa.”
Felipe detalha seu papel como Riccardo Patrese, um piloto italiano com uma das carreiras mais longas na Fórmula 1, que competia pela Williams em 1991.
“O Patrese tenta alcançar o Senna em Interlagos, quando o câmbio do carro de Senna quebra, e ele completa a corrida preso na sexta marcha.”
Ele também descreve a intensa e icônica cena do pódio, onde Senna, exausto, luta para levantar o troféu.
“Essa série é uma obra de ficção bem focada em criar uma narrativa mais fluida e imersiva, para entender não só a trajetória profissional do Senna, mas também seu progresso pessoal.”
As primeiras gravações foram feitas em Buenos Aires, na Argentina. Felipe enfatiza a experiência de gravação da série, destacando o grande esforço da produção para recriar uma atmosfera realista de corrida, com figurantes e equipe internacional.
“Parecia mesmo que era uma etapa do circuito mundial. Foi uma experiência muito legal, com um elenco muito bom e um trabalho muito emocionante”, finalizou.