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Ator Ícaro Silva é atingido por estilhaços de bala no Rio de Janeiro

Última atualização 05/09/2018 | 15:23

Ícaro Silva usou seu perfil no Instagram para se pronunciar nesta quarta-feira (5), após ser atingido por estilhaço de bala no Túnel Zuzu Angel, perto da Favela da Rocinha, no Rio de Janeiro. Ele foi levado para um hospital da região, mas foi liberado no inicio da tarde. O ator descreveu com detalhes como tudo aconteceu. Segundo ele, ao ver policiais que pediram para reduzir a velocidade do veículo e após parar, os mesmos agentes mandaram o ator ir embora.

“Quando eu voltava a acelerar e antes de entender o que estava acontecendo, um estampido no meu carro me congelou… Abaixei a cabeça e enfiei o pé no acelerador como se tudo no mundo fosse tiro e pedal… Acelerei sem fim até me ver longe dali, o corpo em choque, a cabeça caçando sentido, como se houvesse algum nessa barbárie cotidiana que é o Rio, minhas mãos trêmulas. Só depois de respirar fundo percebi o buraco de bala no para-brisa do meu carro e minha blusa molhada”, escreveu o ator.

O ator concluiu o texto dizendo estar muito feliz por estar vivo, agradeceu à todas as mensagens dos fãs e desejou por menos violência. “Espero que essa história infelizmente cotidiana nos inspire a desconstruir nossa agressividade diante da vida. É hora de desarmar e amar”.

 

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Queridos amigos, amores, seguidores e parceiros, eu estou bem! Hoje mais cedo, ao sair do túnel Zuzu Angel voltando para a Barra, me vi em meio a uma violenta confusão que até agora não sei se era uma blitz, um tiroteio ou uma dessas operações de guerra infelizmente tão habituais na nossa cidade. Viaturas, policiais com fuzis na mão e aquele medo súbito que o carioca conhece tão bem. Um policial me pediu para reduzir e eu obedeci. Baixei o vidro e perguntei o que estava acontecendo. O nível de stress dele era muito alto, ele falava comigo diretamente do inferno, o coração em guerra. Outros dois policiais vieram gritando, os fuzis apontados para mim; não sei se me reconheceram ou não, mas com a mesma violência com que me pararam, me mandaram ir embora, xingando e berrando em seu estado de guerra. Quando eu voltava a acelerar e antes de entender o que estava acontecendo, um estampido no meu carro me congelou. “Isso é um tiro?” Os próximos vários confirmaram que sim. Abaixei a cabeça e enfiei o pé no acelerador como se tudo no mundo fosse tiro e pedal. Enquanto meu pé e meu coração aceleravam, minha sensação física era de “não precisa ser assim”. De fato, não precisa. Acelerei sem fim até me ver longe dali, o corpo em choque, a cabeça caçando sentido, como se houvesse algum nessa barbárie cotidiana que é o Rio, minhas mãos trêmulas. Só depois de respirar fundo percebi o buraco de bala no para-brisa do meu carro e minha blusa molhada. “Meu Deus. Eu levei um tiro?” Me apalpei até encontrar o furo ensanguentado no meu braço. Sim, uma bala rasgou meu braço e deixou uns estilhaços ali, carimbo metalizado da violência urbana. Um pequeno pedaço de metal e morte que podia ter cruzado meu peito ou minha cabeça, um lembrete da nossa frágil condição de gente. Eu to legal. To muito feliz por não ter morrido, sério. Tem muita coisa pra fazer por aqui, muita coisa para ver e muita, muita coisa para consertar. Muito obrigado por todas as mensagens, to mais solicitado que no meu aniversário, rs. Vocês são lindos, são lindos demais. Espero que essa história infelizmente cotidiana nos inspire a desconstruir nossa agressividade diante da vida. É hora de desarmar e amar.

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