Recentemente, áudios divulgados pela Polícia Federal (PF) com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF) revelaram uma ligação preocupante entre militares de alta patente e manifestantes golpistas no Brasil. As gravações, amplamente divulgadas pela TV Globo, mostram como militares incitaram militantes bolsonaristas a invadir o Palácio do Planalto e outros prédios públicos durante os atos antidemocráticos de janeiro de 2023.

Um dos áudios é do tenente-coronel Guilherme Marques de Almeida, que discute a invasão às sedes dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário. Almeida afirma: “Eu acho que o pessoal poderia fazer essa descida e atravancar, porque, com a massa humana chegando lá, não há PM que segure. Vai atropelar a grade e invadir.” Na época, Almeida estava lotado no Comando de Operações Terrestres do Exército (Coter).

Ação do General

Outro áudio é do general Mario Fernandes, que solicitou ao tenente-coronel Mauro Cid, ajudante de ordens do então presidente Jair Bolsonaro, que intercedesse para evitar ações da PF contra os manifestantes acampados em frente ao Quartel-General do Exército. Fernandes, número dois da Secretaria-Geral da Presidência em 2022, pediu que Cid atuasse junto ao presidente, dizendo: “Se o presidente [Bolsonaro] pudesse dar um input para o Ministério da Justiça, para segurar a PF… estou tentando agir diretamente junto às forças…”

Esses áudios fundamentam parte da denúncia apresentada pelo Procurador-Geral da República (PGR), Paulo Gonet, que inclui Fernandes, Almeida e Bolsonaro entre os denunciados por golpe de Estado.