Um auditor da Controladoria-Geral da União (CGU) está sendo investigado pela Polícia Civil do Distrito Federal suspeito de discriminação religiosa contra religiões de matriz africana. Claudemiro Soares Ferreira é acusado de compartilhar um vídeo onde aparece culpado um orixá pela recente onda de ataques e ameaças a escolas no país.
No vídeo, o servidor aparece com trajes típicos usados por pais de santo e se apresenta como professor e especialista em religiões de matriz africana. Claudemiro responsabiliza Ogum pelas violências cometidas contra crianças e adolescentes, afirmando que o orixá ”gosta de matar” e de que ”se banha com sangue”.
“Se ocorrer um massacre nas escolas, é mais uma de Ogum. Mais uma vez ele querendo sangue inocente, porque é o que ele gosta”, acusou o homem.
Claudemiro chama ainda o orixá de ”desgraça” e descontextualiza a história da entidade africana, a comparando com uma passagem bíblica do antigo testamento.
“Ogum falou para marcar as casas dessas pessoas que estão praticando bullying e no outro dia Ogum foi lá e matou todas as pessoas que estavam praticando bullying contra aquele cara”, narrou o Claudemiro.
Nesta quarta-feira, 26, líderes de terreiros de umbanda e candomblé registraram boletim de ocorrência onde acusam o servidor de discriminar a religião e aumentar conflitos entre a sociedade e religiões de matrizes africanas. A organização escreveu uma carta repudiando a conduta de Claudemiro, que foi entregue a Delegacia Especial de Repressão aos Crimes por Discriminação Racial, Religiosa, ou por Orientação Sexual, ou Contra a Pessoa Idosa ou com Deficiência (Decrin).
Justificativa
Ao Metrópoles, Claudemiro justificou que o vídeo é baseado na literatura da religão. ”O que eu dei foi uma explicação para o fenômeno a partir do que diz a literatura da umbanda e do candomblé. Se a gente não estivesse num país de analfabetos funcionais, isso nem viraria manchete. Se alguém quiser discutir, ele que vá discutir com a literatura”, expõe.
O servidor entende estar sendo alvo de calúnia e prometeu procurar a Justiça para tomar medidas sociais cabíveis contra quem o acusou de intolerância religiosa.
Assista ao vídeo:
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