A violência contra crianças segue tendência de aumento em Goiânia, conforme o conselheiro tutelar Valdivino Siqueira. Para ele, as ocorrências de maus-tratos, abusos sexuais e negligência aumentaram 30% em 2022, se comparado ao mesmo período do ano passado. Entre um mês e outro, o conselho tutelar da Capital atende cerca de 80 vítimas de violência por mês.
“Não temos um levantamento exato. Ou seja, esses dados não são conclusivos, mas atendemos essa média de crianças por mês apenas em Goiânia”, informou.
Já no estado, o número de ocorrências de violência contra a criança e o adolescente cresceu 9% em 2021, segundo a Secretária de Segurança Pública (SSP). Foram 3.648 casos no ano passado, enquanto 2020 registrou 3.346 ocorrências. O crime que mais recebeu denúncias em 2021 foi o de lesão corporal, com 2.211 ocorrências, seguido por maus-tratos (942) e vias de fato (445), termo usado para atos agressivos que não ocasionam lesão corporal como empurrar, rasgar roupas ou puxar cabelo. Por fim, foram registrados 46 homicídios e outros quatro casos de feminicídio contra meninos e meninas.
Mulher queima filha com colher
Nesta segunda-feira (28), por exemplo, uma mulher de 26 anos foi indiciada por tortura, após queimar a filha com uma colher quente e bater nela com cipós e fios elétricos, em Alvorada do Norte. De acordo com o delegado responsável pelo caso, Alex Rodrigues, a menina de 8 anos falou que a mãe a agredia para castigá-la por que ela estava comendo muito. Além disso, mulher também negava comida para a criança e o outro filho de 12 anos.
“Recebemos a notícia por meio do conselho tutelar que a criança foi severamente agredida pela mãe. A mulher usou uma colher previamente aquecida no fogo para queimar a criança no rosto, pernas e braços. A criança e o irmão foram ouvidos e disseram que foram agredidos com socos, cipós, fios e a colher quente por comer demais. A mãe foi indiciada por tortura e segue foragida, já as crianças estão sobre a guarda da avó materna”, explicou.
Ambiente familiar
Para a titular da Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente (DPCA), Marcella Orçai, a pandemia fez com o número de denúncias de violência sofresse queda. No entanto, com a volta às aulas esse número aumentou consideravelmente, já que as escolas são que consideradas os principais meios de denuncias voltaram a atender presencialmente.
Marcella diz que é possível identificar uma criança que esteja sendo vítima de violência ao observar marcas no corpo da vítima ou sinais de mudança no comportamento. Além disso, a delegada fala que grande parte das agressões físicas e abusos sexuais acontecem dentro do ambiente familiar. Ou seja, as agressões ocorrem normalmente dentro da casa da criança e são praticadas por parentes ou pessoas próximas.
“Para ter acesso à criança, a pessoa tem que ser do seu convívio já que normalmente elas não andam sozinhas. Hoje, a gente vivo um aumento no número de crianças vítimas de violência, devido a volta das aulas presenciais. Os professores não estavam tendo contato com as crianças e nem com os pais durante o ensino remoto. Antes a criança estava presa dentro de casa com o agressor e isso não quer dizer que os casos diminuirão”, concluiu.