Aumento de roubos de celular em Pinheiros: garçom relata rotina de violência

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“Terra de ninguém”: garçom vê rotina de roubo de celular em Pinheiros

DE, em Pinheiros, tem mais roubo de celular que Estrada do M’Boi Mirim, no extremo da zona sul de SP, com rotina de violência

São Paulo — A Rua Mourato Coelho, em Pinheiros, na zona oeste de São Paulo, tem apenas 1,5 km e, mesmo assim, teve em janeiro e fevereiro mais roubos de celular que a Estrada do M’Boi Mirim, com 16 km que serpenteiam bairros populosos da região sul, com histórico de violência urbana, como Jardim São Luiz e Jardim Ângela. “Virou terra de ninguém”, diz o garçom Renan Ferreira dos Santos, 31 anos, que trabalha na região já presenciou vários crimes.

No primeiro bimestre, segundo números da transparência da própria Secretaria da Segurança Pública (SSP), foram 40 roubos de celular na Mourato Coelho, ante 35 na M’Boi Mirim, dez vezes mais extensa. “Como é um bairro boêmio, com muita gente de fora, gringos da Europa, dos Estados Unidos, com condição financeira… Para os caras [ladrões], virou mato [acontece muito]”, diz Santos.

O garçom trabalha na esquina da Mourato Coelho com a Inácio Pereira da Rocha, numa área que é epicentro da diversão noturna na Vila Madalena, dentro de Pinheiros. A região tem muitos hostels, os albergues que recebem estrangeiros. “Esses dias mesmo, roubaram um celular de uma gringa. Já presenciei um cara ser agredido”, diz.

Santos afirma que policiais têm atuado na região atrás dos criminosos, realizando mapeamento para identificar os autores dos assaltos. “Mas os caras [ladrões] estão atacando forte.”

O garçom também nota uma certa ingenuidade por parte de estrangeiros, que não estão acostumados à violência urbana. “O pessoal aqui não tem um conhecimento, um discernimento de saber como lidar, principalmente quem não é do Brasil. Quando vai ver, perdeu seus pertences”, diz.

Apesar do aumento no número de casos, roubos na Mourato Coelho não são novidade. No ano passado, foram 23 casos.

A reportagem usou a metodologia indicada pela própria SSP, removendo as ocorrências em duplicata. Na média diária, os percentuais de aumento são um pouco maiores do que no acumulado bimestral — 2024 foi ano bissexto e, por isso, fevereiro teve 29 dias.

Na esquina entre as ruas Mourato Coelho e Aspicuelta, o gerente do Omadá, Marcos Henrique Pessoa, 38 anos, já viu muitos assaltos. “O primeiro foi de um argentino”, conta.

Segundo Pessoa, os ladrões se aproveitam de guias rebaixadas nas esquinas e sobem com motos nas calçadas para abordar quem passeia pela região. “Avistam a vítima na calçada e a abordagem é muito rápida. A gente orienta os clientes para ter cuidado”, diz.

O gerente do bar afirma que viaturas da Polícia Militar e da Guarda Civil Metropolitana são vistas com frequência na região, mas não têm inibido a atuação dos criminosos. “Talvez devesse acontecer uma blitz para motos, daí iria bloquear a chegada desses caras”, afirma.

Os roubos de celular vão além da Mourato Coelho. Outra rua que se destaca negativamente é a Girassol, onde ocorreram 19 casos nos dois primeiros meses do ano — no mesmo período de 2024, foram 9. Manobristas de um bar no local afirmam que já presenciaram até arrastão. Volta e meia também há correria, com vítimas tentando se esconder dos ladrões em estabelecimentos comerciais.

A Fradique Coutinho também é outra rua com grande concentração de roubos de celular no bairro. Foram 17 registros, ante 13 do primeiro bimestre de 2024.

A SSP diz que “a comparação entre bairros de diferentes regiões não é adequada, pois cada área possui características sociais e geográficas distintas”.

“A pasta atua continuamente no combate aos roubos e furtos de celulares, bem como na receptação desses equipamentos, por meio de operações, como a Mobile e Big Mobile, e ações de inteligência policial. Desde o início do ano, 132 criminosos envolvidos com esses delitos já foram presos e mais de 26,7 mil celulares sem comprovação de procedência foram apreendidos”, afirma, em nota.

Segundo a SSP, essas ações têm contribuído para a redução dos índices de roubos e furtos de celulares registrada desde o início da atual gestão. “No primeiro bimestre de 2025, houve uma diminuição de 15% nos roubos na capital, em comparação a 2024, passando de 12.500 para 10.587 ocorrências. O mesmo cenário foi observado a nível estadual, com a queda de 20.673 para 17.898 registros – o que representa uma queda de 13%”, diz.

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