Estudo revela ligação entre bactéria na boca e câncer de cabeça e pescoço
Pesquisa ressalta, por outro lado, que bactéria pode ser atenuante no
enfretamento à doença, indicando caminho para tratamento menos invasivo. Entenda
relações.
Pesquisa do Hospital de Amor relaciona bactéria da boca a casos de câncer[https://s02.video.glbimg.com/x240/13691101.jpg]
Pesquisa do Hospital de Amor relaciona bactéria da boca a casos de câncer
Uma pesquisa realizada pelo Hospital de Amor de Barretos (SP)
[https://de.de/de/de/barretos/] aponta que uma bactéria presente na boca está diretamente ligada a casos de câncer de cabeça e
pescoço.
Essa bactéria é identificada como Fusobacterium nucleatum. Ela faz parte do
biofilme dental, mais conhecido como placa bacteriana, que se alimenta dos
resíduos que não foram devidamente removidos dos dentes durante a escovação.
Já se sabe que a proliferação descontrolada da bactéria pode causar doenças como
a periodontite, uma inflamação grave da gengiva. A novidade revelada pelo estudo
é que a superpopulação dessa bactéria também aumenta significativamente as
chances de desenvolvimento de câncer de cabeça e pescoço.
O médico Rui Reis, diretor científico do Instituto de Ensino e Pesquisa do
Hospital de Amor, explica como a relação foi detectada.
> “Associamos isso também a outros fatores, como tabaco, álcool e o HPV, que são
> elementos que sabemos que podem conduzir um indivíduo a ter um melhor ou pior
> prognóstico. E ela [a bactéria] era independente, ou seja, quando a bactéria
> está presente, ela contribui para o aparecimento do câncer.”
Para chegar a essa conclusão, os pesquisadores analisaram amostras de tumores de
mais de 90 pacientes.
O teste utilizado foi uma versão digital e muito mais sensível do PCR, o mesmo
exame usado amplamente durante a pandemia para detectar casos de Covid-19. O
resultado apontou a Fusobacterium nucleatum na maioria dos tumores estudados.
> “Nossa surpresa foi encontrar que, dentro do tumor, ela estava presente em
> mais da metade, 60% de todos os tumores dos pacientes tinham essa bactéria”,
> revela Dr. Rui Reis.
FATOR DE RISCO X ATENUANTE
Por outro lado, a pesquisa constatou que, embora a presença da bactéria em
grande concentração seja um fator de risco, ela é também um atenuante. Isso
porque, quando a bactéria foi encontrada dentro dos tumores analisados, os casos
eram menos agressivos.
Essa constatação difere do que é observado em outros tipos de câncer, como o
colorretal.
> “Nós estávamos na espera de encontrar algo que acontece no câncer colorretal,
> que é quando a bactéria está presente, o tumor é mais agressivo. E quando
> fomos estudar a pessoa, [observamos que] temos um prognóstico melhor”, afirma
> Reis.
Os pacientes com tumores que apresentavam a bactéria tiveram uma sobrevida média
de cinco anos, enquanto aqueles sem a presença da Fusobacterium nucleatum
viveram, em média, três anos.
TRATAMENTOS MAIS HUMANIZADOS E PREVENÇÃO
A pesquisa do Hospital de Amor de Barretos enfatiza a importância da saúde bucal
na prevenção e detecção precoce do câncer de cabeça e pescoço, com foco na
conscientização e rastreamento.
Ela também pode indicar o caminho para um tratamento mais humanizado e menos
invasivo, além de mudar a forma como os casos são investigados e monitorados.
> “Utilizando a mesma técnica muito sensível, conseguimos monitorizar [a
> bactéria] na saliva. Então não precisamos tirar o tumor, de fazer uma biópsia,
> de fazer uma anestesia. Isso pode até primeiro modificar para evitar que
> apareça, então pode ser utilizado para prevenção, e no contexto agora do
> paciente que tem, talvez seja um paciente que não precise de um tratamento tão
> agressivo”, completa o médico.