Última atualização 29/03/2021 | 15:42
O soldado Wesley Soares foi morto por policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope) depois de 3h30 de negociações sem sucesso. Antes de ser atingido, ele disparou com um fuzil pelo menos dez vezes contra agentes que rodeavam a área do Farol da Barra, em Salvador.
“O soldado alternava momentos de lucidez com acessos de raiva, acompanhados de disparos. Além dos tiros de fuzil, o soldado arremessou grades, isopores e bicicletas, no mar”, declarou a Secretária de Segurança Pública da Bahia.
“Aproximadamente às 18h35, o soldado verbalizou que havia chegado o momento, fez uma contagem regressiva e iniciou os disparos contra as equipes do Bope.”
De acordo com o comandante, com um fuzil pelo menos dez vezes contra agentes que eles buscaram “utilizando técnicas internacionais de negociação, impedir um confronto, mas o militar atacou as nossas equipes. Além de colocar em risco os militares, estávamos em uma área residencial, expondo também os moradores.”
Ele foi encaminhado ferido para o Hospital Geral do Estado (HGE), porém não resistiu aos ferimentos e morreu cerca das 22h30. Soares era lotado em um batalhão da Polícia Militar em Itacaré, a 250 km de Salvador.
De acordo com a SSP, o episódio teve início no momento em que o PM começou a atirar de dentro do carro na avenida Sete de Setembro, no centro da capital baiana, sendo, em seguida, alvo de uma perseguição policial. Ele dirigiu cerca de 5km até o Farol da Barra, onde desceu do carro e disparou para o alto enquanto proferia frases.
“Comunidade, venha testemunhar a honra ou a desonra de um policial militar do Estado da Bahia.”, ele afirma “Não vou deixar, não vou permitir que violem a dignidade e honra do trabalhador.”
Nas redes sociais, circulam, principalmente em grupos bolsonaristas, reações de apoio à greve de policiais militares no estado, o que é proibido por lei.
Politização do caso
Mensagens compartilhadas nas redes, insinuam, sem provas, que o PM morto teve um surto psicótico porque se recusou a seguir ordens de Rui Costa sobre as medidas de restrição à circulação de pessoas, para conter os avanços da pandemia. Na Bahia, aos menos 15 mil morreram de Covid e a ocupação dos leitos UTI chega a 87%.
“Soldado da PM da Bahia abatido por seus companheiros. Morreu porque se recusou a prender trabalhadores. Disse não às ordens ilegais do governador Rui Costa da Bahia. Esse soldado é um herói. Agora a PM da Bahia arou. Chega de cumprir ordem ilegal!”, publicou no Twitter a deputada federal bolsonarista Bia Kicis (PSL-DF), presidente da Comissão de Constituição e Justiça da Câmara dos Deputados. Ela deletou o tuíte horas depois.
Até o momento, não existem provas que Soares tenha agido por ter se recusado a cumprir ordens do decreto. O governador Rui Costa é alvo de bolsonaristas e do próprio presidente Bolsonaro, que recorreu ao Supremo Tribunal Federal contra restrições adotadas por Costa no Estado. Ação que foi rejeitada pela corte.
O senador Angelo Coronel (PSD-BA), presidente da CPI das Fake News, rebateu Kicis. “Absurdo uma parlamentar querer politizar um fato dessa natureza e ainda falta com a verdade postando que a PM parou. Precisamos nos unir em busca de salvar vidas, imunizando o povo brasileiro com mais celeridade. O momento não comporta factoides em busca de clicks.”
Em Salvador, o deputado estadual Marco Prisco (PSC), que liderou três movimentos grevistas de policiais militares no estado, defendeu greve geral da PM e da Polícia Civil da Bahia.
Em um vídeo, internauta critica o governador do estado pelo decreto de lockdown. Ele afirma duvidar que “o governador prenda dois mil homens”
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