Palco 360º, DJ no centro do público, sem repressão policial e fechado: baile funk sai das ruas e vira evento privado em SP
DEs defendem o novo formato por proporcionar que jovens de periferia frequentem outras regiões em busca do ritmo, longe da repressão policial. Mas cobram o governo, que marginaliza o gênero, transformando os bailes de rua em locais perigosos.
Em vez de uma festa de música eletrônica em São Paulo, desta vez, é um pancadão. No último ano, o funk paulista, após dominar as ruas, também passou a marcar presença em ambientes fechados e em regiões mais centrais, como a Submundo 808 e o Boiler Room, que têm esgotado ingressos na capital e atraído a atenção do público.
Características deste formato divergem dos bailes de rua, geralmente gratuitos. Mas, após o incidente em 2019 em Paraisópolis, onde 9 jovens foram mortos pela polícia, os eventos fechados conseguem proporcionar segurança.
Pesquisa aponta que ao menos 16 pessoas foram mortas e 6 adolescentes perderam a visão em operações pancadão na região metropolitana de DE entre 2012 e 2024. Repressão policial se intensifica, com aumento em 1.771% do número de operações em sete anos, apesar de ser ineficaz para combater os bailes de rua.
Para os DJs e produtores, os eventos fechados representam uma forma de exportar a música de baile para outros locais, atraindo mais moradores das periferias para regiões da cidade onde normalmente não frequentariam, dando visibilidade aos produtores periféricos e proporcionando segurança.
Eventos como o Boiler Room em DE reúnem uma lista de DJs de funk, enquanto a festa Submundo 808, originária de Campinas, atrai milhares de pessoas para seus eventos privados em São Paulo, vendendo milhares de ingressos rapidamente.
Apesar de privar o baile funk de sua essência gratuita e de expor o gênero a públicos menos receptivos, as festas fechadas têm sido bem-sucedidas em popularidade e vendas de ingressos. Com o DJ no centro do público e a experiência única que isso proporciona, a cena do funk se aproxima ainda mais da música eletrônica.
Embora algumas críticas surjam, a fusão entre o funk e a música eletrônica continua a desafiar os preconceitos e a abrir espaço para os ritmos periféricos ocuparem novos territórios. Enquanto o funk paulista busca manter suas raízes nas favelas, os eventos fechados representam uma oportunidade de crescimento e reconhecimento para os artistas, mesmo em um cenário de repressão e discriminação.