Baixa adesão e autonomia de baterias: desafios na utilização de câmeras corporais durante megaoperação no RJ

baixa-adesao-e-autonomia-de-baterias-desafios-na-utilizacao-de-cameras-corporais-durante-megaoperacao-no-rj

O tenente-coronel Marcelo Corbage, comandante do Bope, revelou que apenas 77 dos 215 agentes envolvidos na megaoperação na Penha utilizaram câmeras corporais durante a ação. Isso significa que menos de 40% dos policiais do Batalhão de Operações Policiais Especiais estavam equipados com esse dispositivo durante a Operação Contenção, realizada em outubro nos complexos da Penha e do Alemão, na Zona Norte do Rio. A falta de utilização das câmeras foi evidenciada em um depoimento ao Ministério Público do Rio, gerando questionamentos sobre a eficácia e transparência da operação.

Corbage explicou que, apesar de 77 câmeras corporais estarem disponíveis para os policiais, não foram previstas baterias reservas devido à crença de que a operação teria uma duração padrão de apenas algumas horas. Ele ressaltou que as câmeras seriam suficientes para um dia comum de trabalho, mas a dimensão e intensidade da megaoperação exigiam uma distribuição mais eficiente dos dispositivos. Além disso, o comandante mencionou que a ação não seguiu a rotina policial esperada devido a diversos fatores, como o adiamento da operação por motivos climáticos e feriados.

Outro ponto levantado foi a autonomia das baterias das câmeras. O subsecretário de Gestão Operacional da PM, Ranulfo Souza Brandão Filho, informou que testes realizados demonstram que as baterias não possuem uma efetiva autonomia de 12 horas, tempo estimado para a durabilidade da megaoperação. A investigação da Polícia Civil, que deu origem à ação, durou cerca de um ano e focava na atuação do Comando Vermelho nos complexos de favelas. O apoio da Polícia Militar foi solicitado para o cumprimento de mandados de prisão e busca e apreensão.

Durante a megaoperação, 1.800 agentes foram mobilizados, incluindo Forças do Comando de Operações Especiais (Coe) e unidades convencionais. Enquanto os agentes das unidades convencionais utilizavam câmeras corporais, nem todos os policiais das Forças Coe estavam equipados devido à limitação de dispositivos disponíveis. É importante ressaltar que os integrantes do serviço de inteligência foram isentos da obrigatoriedade de uso do equipamento, o que pode ter afetado a transparência e documentação das ações durante a operação.

Em um cenário já complexo, o MP identificou dois mortos com tiros à curta distância durante a megaoperação, sendo que em um dos casos, houve decapitação. Essas questões levantam preocupações sobre a atuação policial durante operações de grande porte, evidenciando a importância da utilização adequada de equipamentos de segurança e transparência nas ações realizadas. A falta de uniformidade no uso de câmeras corporais e a autonomia das baterias são aspectos que precisam ser revisados para garantir a eficácia e a legalidade das operações policiais.

Box de Notícias Centralizado

🔔 Receba as notícias do Diário do Estado no Telegram e no WhatsApp