Última atualização 28/01/2023 | 16:54
Tema que dominou o noticiário da imprensa goiana na semana passada, o encolhimento do PSDB em Goiás, com perda de representatividade, levou diretamente ao enfraquecimento político do ex-governador Marconi Perillo na direção nacional do partido. A perda de prestígio ficou evidenciada nas declarações do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, que assumirá a presidência nacional do PSDB em maio.
Em visita a Goiânia nesta quinta-feira,, quando recebeu o título de cidadão goiano em solenidade na Assembleia Legislativa de Goiás (Alego), Leite fez um discurso de renovação e reposicionamento político do PSDB. Com esse objetivo destacado, o governador do Rio Grande do Sul não garantiu a Marconi um assento na Executiva Nacional, preferindo dizer que ele pode contribuir com ou sem posição efetiva.
Ao falar do reposicionamento da legenda, que perdeu relevância em todo o País, Eduardo Leite frisou que não basta ao PSDB dizer que “não é nem Lula e nem Bolsonaro. É preciso dizer o que a gente defende, dizer à população que defendemos um caminho alternativo a essa polarização”. Na contramão, o ex-governador de Goiás pertence a ala tucana que defende aproximação com o governo do presidente Lula.
Nos bastidores, a fala de Eduardo Leite, de que o PSDB vai inaugurar um novo ciclo, da negativa de uma cadeira para Perillo na direção nacional da sigla, além de reforçar que não há sequer decisões sobre os diretórios estaduais, são evidências que representam um claro distanciamento da cúpula tucana com a principal liderança do partido em Goiás.
Esvaziamento
O sentimento de que as eleições de 2022 foram catastróficas para o PSDB em Goiás tem repercutido entre dirigentes e partidários da legenda no Estado e fora dele. A segunda derrota seguida de Marconi Perillo para o Senado pode ter selado o fim da sua trajetória no partido, iniciada em 1996.
Ao discursar no evento que concedeu o título de cidadão goiano ao governador gaúcho, no plenário da Assembleia Legislativa, Marconi acabou fazendo uma defesa de si próprio, apontando que o partido deve buscar novas lideranças, sem, contudo, desvalorizar os mais experientes. Eduardo Leite, porém, frisou que não há como evitar que o protagonismo fique com as novas lideranças, mas que elas precisam expressar o entendimento de respeito ao passado.
Marconi também estaria ressentido com o posicionamento do PSDB nas eleições do ano passado, que não o teria respaldado para fechar aliança com o então candidato a presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Aliados avaliam que o ex-governador teria sido eleito senador se tivesse no palanque de Lula em Goiás.
Fora da Executiva Nacional do PSDB e o discurso de renovação proposto por Eduardo Leite, o futuro de Marconi deve ser mesmo deixar o partido em busca de uma acomodação partidária que lhe permita, ao menos, tentar se reerguer politicamente. O tucano segue negando que vá deixar o PSDB, mas dificilmente conseguirá estrutura para alavancar o projeto de disputar pela mais vez o governo, em 2026.